Início » Resíduos de S. Miguel: ZERO apresenta solução que poupa 20 milhões de euros, cria emprego e aumenta a reciclagem
A ZERO apresentou a vários orgãos de soberania e entidades oficiais, através de ofícios enviados na passada terça-feira, uma proposta de tratamento para as 60 mil toneladas de resíduos urbanos indiferenciados produzidos na Ilha de S. Miguel nos Açores, a qual permitirá poupar, no mínimo, 20 milhões de euros no financiamento, criar mais de 20 postos de trabalho, reciclar 30 mil toneladas de resíduos, evitar a emissão anual de 6 mil toneladas de CO2 e produzir praticamente a mesma quantidade de energia do que a prevista para o projeto original de incineração de resíduos urbanos.
A proposta em causa inclui a instalação de uma unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB)* que receberá as 60 mil toneladas de resíduos urbanos indiferenciados gerados na ilha, conseguindo reciclar 50% dos mesmos, pelo que só sobrarão 30 mil toneladas de resíduos urbanos para enviar para incineração, às quais se poderão juntar 5 mil toneladas de outras tipologias de resíduos, podendo-se assim reduzir a necessidade de incineração de 70 mil para 35 mil toneladas.
A ZERO lamenta profundamente que, até ao momento, não tenha havido visão política e técnica para tomar as medidas adequadas para a gestão dos resíduos na ilha, que passam por uma política de prevenção e pela introdução de um sistema de recolha seletiva porta-a-porta que inclua a recolha de resíduos orgânicos e por um sistema PAYT (pagar só os resíduos que não são separados). A implementação desta abordagem pode permitir evitar a construção de uma unidade de incineração.
No contexto atual, e tendo em atenção a urgência em encontrar um destino para os resíduos de S. Miguel, é fundamental repensar a dimensão da infraestrutura proposta, no mínimo reduzindo para metade a capacidade de incineração, com enormes vantagens a vários níveis:
1 – Reduzir o custo de investimento em € 20 milhões:
Um incinerador para 70 mil toneladas custa € 65 milhões, enquanto que um sistema com um TMB para 60 mil toneladas seguido de um incinerador para 35 mil toneladas custa apenas € 45 milhões
(€ 17 milhões (TMB) + € 28 milhões (incinerador)).
2 – Criar mais de 20 postos de trabalho
A instalação do TMB a montante do incinerador criará mais de 20 postos de trabalho associados à triagem de materiais recicláveis e ao tratamento dos resíduos orgânicos.
3 – Reduzir a emissão anual de 6 mil toneladas de CO2
A incineração de 60 mil toneladas de resíduos urbanos geraria cerca de 12 mil toneladas de CO2 (200 kg por tonelada incinerada). Com a instalação do TMB a montante do incinerador reduz-se para metade a quantidade de resíduos urbanos para os quais é necessário encontrar uma solução, sendo que, se forem incinerados a correspondente emissão de CO2 passará a ser de 6 mil toneladas anuais.
4 – Reciclagem de 30 mil toneladas de resíduos urbanos
O TMB, através da triagem de materiais recicláveis (plástico, vidro, cartão e metal) e do tratamento biológico dos resíduos orgânicos, consegue reciclar cerca de 50% das 60 mil toneladas de resíduos urbanos que entram na unidade, ou seja, cerca de 30 mil toneladas que estava previsto serem queimadas passarão a ser recicladas.
5 – Produzir a mesma quantidade de energia com os resíduos urbanos investindo menos € 20 milhões.
Os rejeitados do TMB, como possuem pouca humidade, têm quase o dobro do poder energético dos resíduos urbanos indiferenciados.
A unidade de TMB, através da digestão anaeróbia dos resíduos orgânicos, gera biogás que é uma fonte de energia renovável.
No total, a energia produzida no projeto original de incineração de 60 mil toneladas de resíduos urbanos sem tratamento prévio geraria 30 MWh/ano, enquanto que a digestão anaeróbia mais a incineração de 30 mil toneladas de rejeitados do TMB no conjunto podem gerar cerca de 29 MWh/ano, ou seja, praticamente o mesmo que o previsto no projeto de incineração original.
6 – Em relação aos resíduos não urbanos que se pretende incinerar, a ZERO considera que não faz sentido enviar para incineração pneus, óleos vegetais ou resíduos de serração, porque existem outros destinos mais económicos e amigos do ambiente. Também os resíduos industriais banais, se forem devidamente geridos, dão origem a poucos resíduos para incinerar, pelo que a ZERO estima que, para além dos rejeitados do TMB (30 mil toneladas), apenas será necessária uma capacidade de incineração extra de 5 mil toneladas para outros resíduos, pelo que o incinerador deverá ter uma capacidade inferior a 35 mil toneladas. Assim evitar-se-ão situações como as da Ilha Terceira ou da Madeira, em que os incineradores têm uma capacidade superior à necessária e por isso são um entrave à prevenção da produção de resíduos e à reciclagem.
A ZERO espera que, com a recepção destes dados, as entidades competentes (nacionais e regionais) reformulem o projeto de incineração, no sentido de, no mínimo, incluírem a montante do incinerador uma unidade de TMB para todos os resíduos urbanos indiferenciados, que, como demonstrado, reduz para metade a necessidade de incineração, favorece as contas públicas, o emprego e o ambiente.
A ZERO expressa ainda a expectativa de que seja possível ponderar outras opções (eventualmente uma articulação com o já existente incinerador de resíduos urbanos da Terceira), de forma a evitar a instalação de mais uma infraestrutura de incineração no arquipélago, que será sempre um travão ao aumento da reciclagem e à implementação de uma economia circular. Para mais, tratando-se de uma região que é considerada um dos destinos mais sustentáveis do mundo, que está empenhada em captar turistas que procuram conhecer os seus tesouros naturais, num ambiente que é menos poluído, parece ser contraproducente esta aposta em soluções mais poluentes e potencialmente inibidoras da manutenção de uma imagem de excelência ambiental.
(*) – O TMB é uma solução tecnológica, através da qual os resíduos urbanos indiferenciados sofrem inicialmente um tratamento mecânico que os separa em 3 frações (orgânicos, recicláveis e rejeitados). Os resíduos recicláveis são encaminhados para reciclagem, os orgânicos para tratamento biológico do qual resulta composto e biogás (fonte de energia renovável), enquanto que os rejeitados podem ser encaminhados para incineração. Esta solução permite reciclar cerca de 50% dos resíduos processados. Em Portugal existem cerca de 20 unidades de TMB, incluindo algumas nos Açores.
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