Início » “Comida para o cão”, em Fátima, porque não?
No dia anterior ao Dia da Terra (22 de abril), a ZERO quer mudar as atitudes de restaurantes e consumidores sobre sobras nos pratos
Pedir as sobras das refeições nos restaurantes é uma ação bem conhecida dos portugueses, utilizando-se para tal a expressão “levar comida para o cão” (o chamado “doggybag” no conhecido termo em inglês). Esperando a ZERO ser “perdoada” pela escolha deste humorado título para o comunicado, importa enfatizar que o tema do desperdício alimentar é um dos assuntos mais sérios e importantes na promoção da sustentabilidade à escala nacional e planetária, atendendo a que cerca de 800 milhões de pessoas passam fome todos os dias(1).
A menos de um mês da visita do Papa Francisco a Fátima, e num contexto em que o Sumo Pontífice se insurge constantemente contra a “cultura do descarte” que nos tornou “insensíveis também aos desperdícios e aos restos alimentares” e alerta que “comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre”(2), a ZERO quis saber se os proprietários dos restaurantes que fornecem refeições aos peregrinos estão sensibilizados para o problema do desperdício de alimentos na sua atividade.
Quais são os resultados do inquérito?
Foram efectuados 13 inquéritos em diversos restaurantes, tendo em vista perceber:
Ficaram de fora deste inquérito os aspectos relacionados com as sobras de comida resultantes de pratos que foram cozinhados e não chegaram à mesa do cliente, um foco de desperdício que, como se sabe, também pode ser alvo de soluções que façam chegar estes alimentos em bom estado a quem precisa.
Assim, os resultados obtidos foram os seguintes:
Posto isto, são números que nos transmitem a ideia de as sobras nos pratos, muito provavelmente, poderão rondar algo mais que os 10% apontados, o que é a situação revelada em estudos quantificados, e que estará igualmente mais próxima do contexto cultural dos portugueses, que, para além de ingerirem quase o dobro das calorias necessárias(2), percepcionam de forma negativa a ausência de sobras num prato ou numa dose servida num restaurante.
São também números que demonstram que, apesar da mensagem ser muito clara a respeito do desperdício de alimentos, os proprietários dos restaurantes não estão ainda suficientemente sensibilizados para este problema, dado que são muito poucos os que têm a “ousadia” de propor aos clientes que levem as sobras dos pratos dos próprios para que as mesmas possam ser reutilizadas noutras refeições.
As boas notícias, ainda que não possam mitigar a preocupação com o que se constata anteriormente, são:
É importante salientar que, na União Europeia, todos os anos são desperdiçados 89 milhões de toneladas de alimentos, 42% das quais nas nossas casas e 14% na restauração(4), estimando-se de igual modo que 1/3 dos alimentos produzidos a nível mundial nunca chega a ser consumido(5).
As reflexões e recomendações da ZERO no Dia Mundial da Terra
É um dado adqurido que os cidadãos estão ainda pouco conscientes de que o desperdício, incluindo o alimentar, é um problema de direitos humanos e de gestão de recursos limitados à escala plenatária. Este problema tenderá a agravar-se à medida que a população mundial cresça até aos 9 mil milhões de pessoas em 2050 e que os efeitos das alterações climáticas, da diminuição da disponibilidade da água potável e da perda de biodiversidade se façam sentir na produção de alimentos, pelo que é decisivo que se alerte para a existência de uma dimensão ética na preservação e na partilha dos recursos naturais.
Sendo a alimentação a actividade humana que, provavelmente, mais impactes ambientais gera, e que este tema será cada vez mais central num futuro já muito próximo, a ZERO aproveita o Dia Mundial da Terra, que se comemora amanhã, dia 22 de abril, para deixar aqui algumas sugestões aos cidadãos para que a sua vida no planeta Terra — o único onde existe a espécie humana, possa ser mais saudável, responsável e sustentável:
(1) Fonte: FAO, IFAD and WFP. 2015. The State of Food Insecurity in the World 2015. Meeting the 2015 international hunger targets: taking stock of uneven progress. Rome, FAO
(2) Fonte: Francisco, Catequese (5 de Junho de 2013): Insegnamenti1/1 (2013), 280; L´Osservatore Romano (ed. portuguesa de 9/VI/2013), 16. In Francisco (2013) Carta Encíclica Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum. Roma, 2015.
(3) Fonte: INE, Balança Alimentar Portuguesa 2012-2016.
(4) Fonte: Preparatory Study on Food Waste across EU 27 (2010), Comissão Europeia.
(5) Fonte: Kummu, M. et al (2012), Lost food, wasted resources: Global food supply chain losses and their impacts on freshwater, cropland, and fertiliser use, Science of Total Environment.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |