Início » Sociedade civil apela aos decisores europeus para retirarem do mercado a amalgama dentária com mercúrio
A União Europeia irá decidir nos próximos dias o destino de um procedimento altamente controverso: o uso de amálgama dentária com mercúrio. Está identificada como um risco de “envenenamento secundário” pela Comissão Científica de aconselhamento da Comissão Europeia, pois acaba por entrar na cadeia alimentar humana através do pescado (1). Para mais, O Comité de aconselhamento da Comissão na área da saúde recomendou que seja banido o uso em crianças e mulheres grávidas (2).
Os representantes das três instituições Europeias – Comissão, Conselho e Parlamento Europeu – encontrar-se-ão no próximo dia 6 de dezembro para discutir o texto do Regulamento Europeu sobre Mercúrio, incluíndo o seu uso nos cuidados dentários. A Europa é a maior utilizadora do mundo de amálgama e as ONG de defesa do consumidor, da saúde e do ambiente, bem como muito profissionais de medicina dentária, apelam a que a sua utilização seja proibida.
Elena Lymberidi-Settimo do European Environment Bureau referiu:
“É necessário um regulamento ambicioso para reduzir o uso de mercúrio na UE e proibir a sua utilização nos cuidados dentários. Os membros do Parlamento Europeu votaram a favor do fim da utilização da amalgama em 2022 (com a possibildiade de algumas utilizações autorizadas por razões médicas), sendo que a proibição da sua utilização em crianças, mulheres grávidas ou a amamentar acontecerá mais cedo. Nós concordamos, já que mais de 66% dos tratamentos dentários na UE são realizados sem recorrer a mercúrio, pelo que é mais do que tempo dessa passar a ser a norma.”
A Comissão Europeia virou as costas à opinião pública europeia.
Susana Fonseca da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável sublinhou:
“Na consulta pública organizada pela Comissão Europeia , 88% dos participantes recomendaram o fim da utilização da amalgama de utilização e 12% solicitaram que fosse retirada de forma faseada. Já que a Comissão solicitou a opinião dos cidadãos, porque razão não segue os seus conselhos?”
A amalgama já foi intensamente usada pelos dentistas, mas esta prática tem vindo a ser progressivamente abandonada, quer devido ao facto de alguns países terem proibido o seu uso (por exemplo a Suécia), quer por uma redução muito significativa na sua utilização (em países como a Finlândia, a Dinamarca e a Holanda a sua utilização não chega a 5%).
Dr Hans-Werner Bertelsen, um dentista de Bremen, na Alemanha, afirmou:
“Os dentistas Europeus sabem que o fim da amalgama está próximo. Existem alternativas que estão disponíveis, são acessíveis em termos económicos e eficazes nos tratamentos. É tempo da Europa dizer adeus à amalgama, um material claramente inferior oas compósitos ou aos ionómeros.”
O impacto ambiental da amalgama dentária é significativo, com impactos no ar, na água e no solo, bem como o risco que representa para a saúde humana ao ser absorvido pelos peixes que entram na alimentação dos Europeus.
Philippe Vandendaele da Health Care Without Harm disse:
“O mercúrio é considerado globalmente como um dos 10 químicos que maior preocupação causam à saúde pública. Contudo, a Comissão propõe que se mantenha o status quo. A evidência empírica mostra que perante as mudanças tecnológicas e a formação dos profissionais, o custo dos cuidados dentários livres de mercúrio está a reduzir, pelo que o diferencial de preços continua a diminuir.”
De facto, a afirmação de que a amalgama é um pouco mais barata do que as alternativas é ilusória.
Johanna Hausmann das Women in Europe for a Common Future, juntou:
“Quando o impacte ambiental desastroso é incluído nas contas, o custo da amalgama é superior em 82€ por tratamento, do que o compósito. Mesmo do ponto de vista económico, continuar com o uso da amalgama não faz qualquer sentido.” [4]
Existe um consenso crescente que a Europa deve, no mínimo, banir o uso de amalgama em crianças e mulheres grávidas.
Genon Jensen da Health & Environmental Alliance (HEAL) afirmou:
“Em primeiro lugar devemos proteger os mais vulneráveis à neurotoxicidade do mercúrio – os cérebros dos fetos, dos bebés e das crianças. Várias nações, tais como a Alemanha, a Polónia ou o Reino Unido, já anunciaram que não deve ser usada amalgama em crianças e mulheres grávidas.
Os membros do Parlamento Europeu Michèle Rivasi (França), Stefan Eck (Alemanha) e Piernicola Piedicini (Itália) têm petições a circular (em quatro línguas) para banir o uso de amalgama na UE. Estas iniciativas já reuniram mais de 17 000 nomes.
Notas para o editor
[1] Opinion on Environmental risks and indirect health effects of mercury from dental amalgam (update 2014)(361 KB)
[2] Final opinion on the safety of dental amalgam and alternative dental restoration materials for patients and users (29 April 2015) (794 KB)
[3] European Parliament’s Environment Committee voted on the mercury regulation on 13 October 2016, A8-0313/2016
[5] A 15 de novembro foi enviada um carat conjunta de ONG para os Ministros do Ambiente da UE, para os Ministros da Saúde da UE, e à Comissão Europeia.
[6]A Convenção de Minamata requer que cada parte deixe de utilizar amalgama dentária. Em desrespeito pelo espírito e intenção da Convenção, a proposta da Comissão propõe apenas o uso de separadores de amalgama e de amalgama encapsulada, o que não permitirá a redução do uso de amalgama.
Estima-se que os Europeus tenham armazenadas nas suas bocas mais de mil toneladas de mercúrio, mercúrio esse que, mais cedo ou mais tarde, será libertado no ambiente. (EEB-2007 Mercury in dental use :Implications for the European Union, Concord East/West)
[7] Petitions on dental amalgam
https://www.change.org/p/beatrice-lorenzin-stop-al-mercurio-nei-nostri-denti
https://www.change.org/p/jean-claude-juncker-f%C3%BCr-ein-amalgamverbot-in-der-zahnmedizin
https://www.change.org/p/jean-claude-juncker-pour-en-finir-avec-le-mercure-dentaire
https://www.change.org/p/jean-claude-juncker-let-s-ban-mercury-dental-fillings
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