Início » 713 mil veículos poluentes a gasóleo continuam a circular nas estradas portuguesas, 3 anos depois do escândalo Dieselgate
ZERO apela a medidas mais exigentes para restringir o tráfego de veículos a gasóleo no centro de Lisboa.
Continuam a circular 43 milhões de veículos poluentes a gasóleo nas estradas europeias e o número continua a crescer três anos após ter sido exposto o escândalo da manipulação das emissões dos veículos a gasóleo pela indústria automóvel (que ficou conhecido como “Dieselgate”). Esta é a principal conclusão de um novo estudo divulgado hoje pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a ZERO é membro.
Outra evidência do estudo é a de que até mesmo um veículo a gasóleo que tenha passado no novo teste de emissões da União Europeia (UE) na estrada emite nove vezes acima do limite legal de óxidos de azoto (NOx) quando conduzido em condições mais representativas de condução. A T&E esclarece que os motores a combustão – incluindo os que passaram no teste oficial de emissões em condições reais de condução (do inglês, Real-Driving Emissions Test) – não são efetivamente limpos e continuarão a emitir uma significativa quantidade de gases poluentes no futuro.
O número de veículos ligeiros de passageiros e comerciais a gasóleo altamente poluentes nas estradas aumentou de 5 milhões no ano passado para 43 milhões atualmente, e de 14 milhões desde que o escândalo Dieselgate foi exposto neste exato dia, em 2015.
Os Estados-Membros com o maior número de veículos poluentes a gasóleo são a França (8,7 milhões), a Alemanha (8,2 milhões) e o Reino Unido (7,3 milhões). Portugal ocupa a 11ª posição, com 713 mil veículos poluentes a gasóleo a circular nas estradas.
Outra tendência demonstrada neste estudo é que muitos destes veículos estão a ser exportados para países do Leste Europeu e depois encaminhados para o continente africano. Se a Europa continuar a não tomar as medidas necessárias, os veículos a gasóleo serão responsáveis pela poluição das cidades por todo o mundo nas próximas décadas.
Os testes mais recentes elaborados pela T&E mostram que os mais novos veículos EURO 6 foram projetados para passar no teste regulamentar em estrada, mas podem emitir muito acima do limite legal, quando conduzidos em estradas em certas condições mais representativas da realidade (como por exemplo, estradas com relevo, acelerações mais típicas e velocidades mais rápidas).
As emissões de NOxde um Honda Civic a gasóleo de 2018 ultrapassaram o limite legal durante um teste oficial, mas as emissões aumentaram 9 vezes acima deste limite, quando conduzidas de uma forma que não é reprodutível pelo novo teste de emissões em condições reais (RDE) da UE. O resultado demonstra falhas sérias no recém-lançado teste RDE e na sua capacidade de garantir baixas emissões dos veículos em condições reais.
De forma semelhante, um Ford Fiesta a gasolina evidenciou emissões de partículas acima do dobro do limite legal quando conduzido em condições mais abrangentes. Contrariamente aos argumentos da indústria automóvel, os resultados mostram que até mesmo os veículos mais recentes introduzidos no mercado emitem mais poluição na estrada do que quando testados em condições de laboratório.
Um levantamento de 1300 táxis a gasóleo realizado pela T&E e apresentado neste estudo constatou que 4% emitem partículas acima do limite estabelecido, apesar dos filtros de partículas serem obrigatórios nos veículos a gasóleo desde 2011. Uma falha do funcionamento destes filtros em 4% e a manipulação deliberada dos mesmos quase duplica as emissões de partículas em todos os veículos a gasóleo.
O relatório também destaca as preocupações com os impactos na saúde de uma série de poluentes não regulamentados, incluindo alguns de potencial carcinogéneo como o benzeno, os compostos de carbonilo e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH).
Em outubro, o Parlamento Europeu e os Estados-Membros irão propor alterações à proposta da Comissão relativa aos novos limites de emissão de CO2para os veículos ligeiros e pesados, a estabelecer em 2025 e 2030. No centro desta batalha, a Europa terá de decidir se deve persistir na venda de veículos de combustão interna ou investir em veículos alternativos (elétricos e a hidrogénio).
Para a ZERO, é inadmissível que, três anos após o Dieselgate, a UE não tenha tomado as medidas necessárias para tornar mais eficientes milhões de veículos poluentes que continuam a circular nas estradas europeias, com impactos sérios na saúde dos cidadãos nas próximas décadas. A indústria automóvel não pode continuar a encontrar novas formas de manipulação dos testes e deve acelerar a transição para veículos de emissões zero, nomeadamente elétricos.
Níveis de NO2medidos na estação da Avenida de Liberdade apontam para ultrapassagem de valor-limite em 2018 – ZERO exige a restrição da circulação de veículos a gasóleo no centro de Lisboa
Em 2018, a estação de monitorização de qualidade do ar localizada na Avenida da Liberdade registou algumas melhorias no que diz respeito aos níveis de NO2, um poluente geralmente associado com o tráfego automóvel.
No que diz respeito a este poluente, em 2018 e até à data, foram registadas apenas 3 ultrapassagens ao valor-limite horário de NO2(de 200 µg/m3), do total de 18 ultrapassagens permitidas por lei. Por outro lado, o valor-limite anual de NO2estabelecido por lei (40 µg/m3) apresenta uma tendência de continuar a ser novamente ultrapassado em 2018, tendo esta estação registado uma média de 51,2 µg/m3até agora.
Estes resultados mostram que, apesar das medidas introduzidas para a redução do tráfego automóvel no centro de Lisboa terem tido algunsbenefícios em termos de melhoria da qualidade do ar, é preciso que as autoridades estabeleçam medidas mais exigentes, nomeadamente a restrição de veículos mais poluentes a gasóleo no centro da cidade.
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