Eólica onshore VS Natureza
Enquadramento
Em Portugal, a implantação de energia eólica onshore começou nos anos 80 do século passado, mas ganhou tração há cerca de 20 anos e tem-se desenvolvido bastante ao longo dos anos, de tal modo que todas as áreas com aproveitamento do recurso eólico relevante estão já ocupadas. Este desenvolvimento, ainda que positivo do ponto de vista da transição energética e da redução do custo da energia, foi feito à custa de impactos significativos ao nível da conservação da natureza, particularmente no que respeita à proteção da avifauna.
Ainda assim, e pese embora já haja uma presença significativa de energia eólica onshore em Portugal, existe ainda muito potencial de crescimento, em termos de potência instalada, para esta forma de energia renovável. Os atuais 5.7 GW encontram-se bastante aquém dos 10.4 GW para 2030 previstos na revisão do PNEC2030.
É um facto incontornável que será importante continuar a investir em energia eólica onshore, mas a prioridade deverá recair sobre o reequipamento dos parques eólicos já existentes, otimizando assim investimentos já realizados e minimizando o impacto para os consumidores e para o meio ambiente de novos projetos de exploração.
Posição ZERO
A ZERO defende o investimento continuado na energia eólica onshore, priorizando sempre o aproveitamento de estruturas já existentes onde o impacto ambiental já tenha sido acautelado e aumentando a quantidade de energia produzida. O sobreequipamento, ou seja, a instalação de novas turbinas em parques eólicos já existentes, não deverá ser a opção prevalecente já que implica uma pressão adicional sobre a biodiversidade e a paisagem.
Contudo, e onde não seja possível aproveitar estruturas já existentes, a ZERO defende o planeamento consciente de novos projetos, sempre com respeito pelos objetivos de promoção da biodiversidade e tendo em conta os limites dos ecossistemas.
A ZERO defende também o desenvolvimento da produção distribuída com foco no consumo comunitário, onde o aproveitamento do potencial eólico tem ainda que dar passos significativos em termos da relação de custo eficácia em complementaridade com as aplicações fotovoltaicas de modo a tirar partido de ambas as matrizes de produção reduzindo as necessidades de armazenamento.
Conflito eólicas vs natureza?
O desenvolvimento da energia eólica onshore em Portugal tem sido marcado pelo conflito com a natureza, mas não tem que ser assim. O potencial de exploração da energia eólica em Portugal pode e deve ser aproveitado, mas tendo sempre em consideração:
- Priorizar o reequipamento de projetos já existentes sempre que possível.
- Sujeitar todos os novos projetos a processos de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) e ser exigente na seleção e aplicação das medidas de mitigação e compensação.
- Envolver as comunidades locais, tanto nos processos de deliberação como na obtenção de benefícios decorrentes da exploração.
- Evitar áreas protegidas pertencentes à Rede Natura 2000
- Monitorizar o desenvolvimento dos projetos e publicar os seus resultados com regularidade.
O desenvolvimento atual da energia eólica onshore oferece a oportunidade de aumentar a potência instalada numa lógica de repowering aproveitando a inovação e desenvolvimento tecnológicos para minimizar os impactes ao nível da biodiversidade.