Início » Multinacionais portuguesas sem planos para reduzir impacto climático das suas viagens aéreas
Nenhuma das 13 empresas portuguesas avaliadas na edição de 2024 do Ranking Viajar Responsavelmente estabeleceu objetivos concretos para reduzir as emissões das viagens aéreas pelas quais são responsáveis. O mesmo já tinha sucedido no ano passado, o que significa que nenhuma empresa se compromete a reduzir a pegada carbónica associada às viagens de avião dos seus colaboradores. Este ranking[1], elaborado no âmbito da Campanha Viajar Responsavelmente, avalia anualmente a responsabilidade corporativa das empresas neste âmbito. A ZERO recorda que a aviação é um meio de transporte altamente lesivo do clima e, portanto, tendo em conta que uma parte substancial das viagens empresariais é evitável, trata-se de um sinal preocupante de que as empresas nacionais não estão genuinamente empenhadas em compatibilizar os seus modos de trabalho com a estabilidade climática.
As empresas nacionais com pior classificação são a Mota Engil, Altri e Corticeira Amorim, todas com um D numa escala de A a D. A análise revela ainda uma discrepância entre empresas de países diferentes mas do mesmo sector, com algumas empresas ambiciosas a estabelecerem objetivos e outras a recusarem fazê-lo. Pelo terceiro ano consecutivo, as multinacionais portuguesas EDP, Caixa Geral de Depósitos e NOS obtiveram uma classificação C, enquanto os seus homólogos de outros países, como a empresa sueca de energias Vattenfall, o banco britânico Lloyds e a empresa de telecomunicações Ericsson, obtêm classificações B, A e A, respetivamente. Isto demonstra que há empresas que conseguem ser climaticamente responsáveis, adotando novas formas de trabalho, uma colaboração mais virtual, e substituindo algumas viagens aéreas por transporte público sustentável.
A tabela seguinte mostra a classificação das empresas portuguesas. Uma classificação negativa acontece quando as empresas não reportam informação suficiente ou são causadoras de emissões acima das 150.000 toneladas de CO2 e não têm pontos positivos nos restantes indicadores, como é o caso da Mota Engil. As empresas portuguesas têm um fraco desempenho em comparação com multinacionais Espanholas, Francesas, Britânicas e Alemãs, casos em que pelo menos uma empresa foi classificada com A ou B.
A ZERO entende que as empresas portuguesas têm de estabelecer urgentemente objetivos para reduzir as emissões das viagens aéreas em trabalho ou arriscam-se a ficar para trás no combate à crise climática. Não há desculpas para não tomar medidas quando outras empresas do mesmo sector estabeleceram objetivos ambiciosos; mesmo tendo em conta o carácter periférico de Portugal na Europa, as empresas Portuguesas podem reduzir as emissões das viagens aéreas por via da substituição de algumas reuniões presenciais pela videoconferência e evitando a ponte aérea Lisboa-Porto, optando pelo comboio. O que impede empresas como a EDP, Caixa Geral de Depósitos e Sonae de o fazerem?
De entre as 328 empresas do ranking, há 25 que são responsáveis por 36% das emissões e que não têm planos para as reduzir[1]. No entanto, se estas empresas vierem a reduzir as viagens aéreas em 50%, será possível garantir um terço da redução de emissões que é necessária alcançar até 2025 por parte da totalidade das empresas[2]. Isto permitiria poupar o equivalente a 5,9 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente às emissões produzidas por três milhões de automóveis num ano. A EDP é a empresa responsável por mais viagens aéreas em Portugal.
Ao não estabelecerem objetivos, estas empresas arriscam-se a voltar rapidamente aos níveis de voos pré-Covid. Uma monitorização das emissões publicada em 2023 mostrou que as empresas que não estabelecem objetivos, como a EDP, a Johnson & Johnson e a Merck, já ultrapassaram ou aproximam-se dos níveis de viagens aéreas de 2019.
Outras empresas no ranking que não têm planos credíveis para reduzir as emissões das suas viagens aéreas são a Siemens, a Microsoft e a Google. Estas empresas globais auto intitulam-se de progressistas e pioneiras, mas têm falhado neste aspeto. Para destacar os piores infratores, a campanha Viajar Responsavelmente recorreu a companhias aéreas fictícias, como a Siemens Airlines, a Johnson & Johnson Airlines e a IBM Business Airlines, para chamar a atenção para a elevada responsabilidade que estas empresas têm em reduzir a sua pegada climática em viagens aéreas. Por exemplo, as emissões das viagens da Siemens em 2019, de 0,31 milhões de toneladas de CO₂, foram equivalentes à pegada de carbono de cerca de dois voos diários, durante um ano inteiro, de Londres a Nova Iorque.
A ZERO entende que as empresas portuguesas têm de estabelecer urgentemente objetivos para reduzir as emissões das viagens aéreas em trabalho ou arriscam-se a ficar para trás no combate à crise climática. Não há desculpas para não tomar medidas quando outras empresas do mesmo sector estabeleceram objetivos ambiciosos; mesmo tendo em conta o carácter periférico de Portugal na Europa, as empresas Portuguesas podem reduzir as emissões das viagens aéreas por via da substituição de algumas reuniões presenciais pela videoconferência e evitando a ponte aérea Lisboa-Porto, optando pelo comboio. O que impede empresas como a EDP, Caixa Geral de Depósitos e Sonae de o fazerem?
De entre as 328 empresas do ranking, há 25 que são responsáveis por 36% das emissões e que não têm planos para as reduzir[1]. No entanto, se estas empresas vierem a reduzir as viagens aéreas em 50%, será possível garantir um terço da redução de emissões que é necessária alcançar até 2025 por parte da totalidade das empresas[2]. Isto permitiria poupar o equivalente a 5,9 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente às emissões produzidas por três milhões de automóveis num ano. A EDP é a empresa responsável por mais viagens aéreas em Portugal.
Ao não estabelecerem objetivos, estas empresas arriscam-se a voltar rapidamente aos níveis de voos pré-Covid. Uma monitorização das emissões publicada em 2023 mostrou que as empresas que não estabelecem objetivos, como a EDP, a Johnson & Johnson e a Merck, já ultrapassaram ou aproximam-se dos níveis de viagens aéreas de 2019.
Outras empresas no ranking que não têm planos credíveis para reduzir as emissões das suas viagens aéreas são a Siemens, a Microsoft e a Google. Estas empresas globais auto intitulam-se de progressistas e pioneiras, mas têm falhado neste aspeto. Para destacar os piores infratores, a campanha Viajar Responsavelmente recorreu a companhias aéreas fictícias, como a Siemens Airlines, a Johnson & Johnson Airlines e a IBM Business Airlines, para chamar a atenção para a elevada responsabilidade que estas empresas têm em reduzir a sua pegada climática em viagens aéreas. Por exemplo, as emissões das viagens da Siemens em 2019, de 0,31 milhões de toneladas de CO₂, foram equivalentes à pegada de carbono de cerca de dois voos diários, durante um ano inteiro, de Londres a Nova Iorque.
[1] Ranking 2024: https://travelsmartcampaign.org/ranking/
[1] As 25 empresas mencionadas são as responsáveis por mais emissões em 2019, de entre a seleção de 330 empresas no Ranking Viajar Responsavelmente (lista completa aqui). Estas são responsáveis por 36% das emissões das empresas que integram o ranking.
[2] A campanha Viajar Responsavelmente pede às empresas que estabeleçam objetivos de redução de, pelo menos, 50%, até 2025 ou mesmo antes. A meta foi estabelecida com base na análise rigorosa no Guia da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) para uma aviação neutra do ponto de vista climático, que mostra que é necessária uma redução de 50% nas viagens de negócios globais durante esta década, a fim de manter a aviação numa trajetória compatível com o objetivo de 1,5°C.
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