Ignições
Em 10 segundos
São necessários três elementos para que um fogo ocorra: o combustível, que fornece energia para a queima (tudo que é suscetível de entrar em combustão); o comburente, que é a substância que reage quimicamente com o combustível (o comburente encontrado normalmente é o oxigénio); e a ignição, que é o calor necessário para iniciar a reação entre combustível e comburente que depois se torna a fonte de calor.
Se considerarmos que o oxigénio é omnipresente – a percentagem que deste existe no ar atmosférico é de aproximadamente 21% – e que o combustível está abundantemente disponível na vegetação presente na maior parte da paisagem que nos rodeia, faz muito mais sentido controlarmos as ignições, uma vez que a quase totalidade das ocorrências de fogos rurais tem origem humana.
Zoom ZERO
Ainda que nos últimos anos se tenha redirecionado o investimento público do combate aos fogos para a prevenção – em 2017 os gastos em prevenção eram de 20% do total, passando para 54% em 2023 – ao focarmos a sua operacionalização no tratamento da vegetação ou na gestão florestal, sem dedicar esforços a solucionar o problema social que os fogos rurais representam, não estamos a atuar ao nível das causas – as ignições resultam, por regra, de ação humana, negligente ou intencional.
A verdade é que parecem avolumar-se as evidências de que somos incapazes de suster a propagação do fogo nos dias com condições meteorológicas extremas, mesmo recorrendo à criação de áreas de descontinuidade de combustível vegetal nas quais se gastam, forma recorrente, milhões de euros de fundos públicos. Acresce que os dados mostram que o contributo do incendiarismo – por vezes associado a doença mental combinada com comportamentos aditivos e dependências – para o total da área ardida em incêndios com mais de 50 hectares afetados é muito significativo, pelo que esta situação requer uma resposta mais adequada por parte das autoridades públicas.
A ZERO tem vindo a acompanhar a implementação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais e tem tentado influenciar para que seja dada maior atenção ao problema das ignições, para que haja um quadro de estabilidade e de prioridades bem definidas para o investimento público ao nível florestal, por forma a que o mesmo se dirija à promoção das espécies autóctones, apoie a gestão colaborativa nos territórios vulneráveis onde o minifúndio está mais presente e remunere os serviços de ecossistemas fornecidos aos conjunto da sociedade.
O que posso fazer?
- Se detetar um fogo rural ligue para o 112
- Denuncie a realização de queimadas sem autorização e acompanhamento, durante o período entre 1 de julho e 30 de setembro, através da linha SOS Ambiente e Território – 808 200 520
- Conheça o site do Portugal Chama: https://portugalchama.pt/