Início » Proposta de Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do Reequipamento do Parque Eólico de Tendais
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, com base na consulta dos documentos disponibilizados no portal Participa, vem por este meio apresentar o seu parecer relativo ao EIA do Reequipamento do Parque Eólico de Tendais.
O Parque Eólico de Tendais, que conta com 6 aerogeradores de 2 MW de potência nominal unitária e com uma potência máxima de injeção na rede de 10.760 kW, pretende desativar os aerogeradores existentes para reequipar com 3 novos aerogeradores de potência nominal unitária de 4,3 MW, no mesmo parque, mas em localizações diferentes; portanto, envolvendo a criação de novos caminhos e plataformas, mas permitindo um aumento de potência máxima autorizada a injetar na rede pública para 12.912 kW. Surge como mais um empreendimento eólico com o objetivo de aumentar a capacidade energética do país a partir de fontes renováveis (adicionando cerca de 2MW de potência instalada), para promover a transição energética necessária e impulsionar o país para atingir as metas traçadas no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC). A expansão das energias renováveis, particularmente dos parques eólicos, como resposta necessária às exigências energéticas sustentáveis, deve fomentar intervenções de reequipamento, uma vez que se aumenta a potência produzida e simultaneamente reduz-se o número de aerogeradores, reduzindo impactes da fase de exploração dos parques eólicos.
Neste caso, o projeto em estudo é de um centro electoprodutor instalado nas Serras de Montemuro e Tambor, freguesias de S. Cristóvão de Nogueira e Nespereira, no concelho de Cinfães, distrito de Viseu.
Como será explorado de seguida, este parque eólico sobrepõe-se totalmente a áreas sensíveis, nomeadamente na Zona Especial de Conservação Montemuro (PTCON0025).
Tendo em conta o que foi mencionado e os documentos disponibilizados na plataforma SIAIA, iremos tecer alguns comentários relativos ao PDA do Reequipamento do Parque Eólico de Tendais quanto às dimensões que consideramos mais pertinentes.
Como defendido anteriormente pela ZERO, num parecer que submeteu na consulta pública do Parque Eólico de Pena Suar, o reequipamento eólico deve seguir um conjunto de boas práticas e uma lista de requisitos técnicos, entre os quais constem obrigatoriamente os seguintes:
Enquanto que o ponto 1 e 2 demonstram-se assegurados (visto que existe aumento de potência, redução de número de equipamentos e irá ser realizado um EIA), os pontos 3 e 4 aparentam poder ser negligenciados.
No que respeita à demolição, é referida a retirada de uma camada superficial da fundação (com cerca de 50 cm), a qual será recoberta por terra vegetal. No final, assiste-se à manutenção de uma estrutura impermeável enterrada, da qual é retirado somente 2% do material, e considerando que a cobertura é suficiente para a instalação e renaturalização da flora autóctone. Para a ZERO é muito questionável a profundidade de solo a criar que ficará disponível para renaturalização e insta a autoridade a exigir mais em termos de responsabilidade ambiental, por forma a que não se mantenha o passivo ambiental resultante de um contexto de desativação e prevaleça uma lógica meramente economicista.
O presente projeto, optou, a nosso ver, de forma errada, com a instalação de novas fundações em locais vizinhos, mas completamente distintos dos utilizados na configuração original do atual parque eólico.
Acreditamos que deve ser apresentado um estudo mais fundamentado para a falta de aproveitamento das plataformas atuais. A interação aerodinâmica entre as plataformas e uma série de outras justificações técnicas podem ditar um distanciamento diferente quando se projetam aerogeradores com tamanhos de pá e potências unitárias diferentes, no entanto, gera muita perplexidade a não justificação quanto à possibilidade de reutilização/reaproveitamento de plataformas já existentes.
Tendo em conta que a remoção das plataformas aparenta não ser algo despiciendo em termos de impacte ambiental e que será deixado um passivo ambiental que, apesar de poder ser minimizado, irá permanecer no local de forma permanente, acreditamos que o esforço para reaproveitar a infraestrutura presente deveria já estar vertido no projeto e quaisquer decisões que se tomem que contornem a possibilidade deste reaproveitamento devem estar devidamente justificadas.
Como referido anteriormente, o parque atual e o projeto apresentado encontram-se ambos dentro de áreas da Rede Natura 2000 (nomeadamente na ZEC de Montemuro). Tendo em conta que, no contexto do regulamento europeu para o Restauro da Natureza, Portugal tem a obrigação de restaurar o estado de conservação de 30% do seu território, acreditamos que os pontos acima descritos (de maximização da reutilização de plataformas e demolição total do passivo ambiental) devem ter uma importância acrescida pelo facto de se encontrarem numa área sensível como esta. O cenário que não queremos que aconteça é que em cada 20-30 anos o parque eólico se vá deslocando cada vez mais para o interior da ZEC acrescentando um “rasto” de passivo ambiental sem a preença de valores naturais significativos – a razão principal daquela área ser classificada como sensível.
A ZERO defende que o reequipamento dos parques eólicos é a melhor solução para aumentar a potência instalada de eólica onshore, por representar o melhor equilíbrio entre aumento da produção renovável com um menor impacte ambiental com base no facto de haver um conhecimento prévio e dados de monitorização que nos permitem mais facilmente avaliar uma eventual expansão de potência.
Acresce que, face às questões acima levantadas, a ZERO considera que este projeto deve ser reformulado para ter em conta as possibilidades técnicas de reutilização das plataformas existentes e deve retirar obrigatoriamente todas as fundações existentes nas áreas que não vão ser aproveitadas. Estas condições a nosso ver são obrigatórias para que este projeto tenha verdadeiramente os seus impactes ambientais minimizados.
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