Início » Proposta de Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do Parque Eólico de Cachopo
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, com base na consulta dos documentos disponibilizados no portal Participa, vem por este meio apresentar o seu parecer relativo à PDA do EIA do Parque Eólico de Cachopo.
O Projeto do Parque Eólico de Cachopo surge como mais um empreendimento eólico com o objetivo de aumentar a capacidade energética do país a partir de fontes renováveis (adicionando 95,2 MW de potência instalada em Portugal), para promover a transição energética necessária e impulsionar o país para atingir as metas traçadas no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC). Esta expansão das energias renováveis, particularmente das centrais solares fotovoltaicas, apesar de uma resposta necessária às exigências energéticas sustentáveis, suscita dúvidas sobre a eficácia da metodologia atual de AIA que é aplicada de forma casuística e sem uma visão holística, uma vez que estes projetos necessitam de uma articulação com várias infraestruturas, como linhas de muito alta tensão (LMAT) e subestações elétricas.
Neste caso, o projeto em estudo é de um centro electoprodutor com áreas dedicadas à produção eólica, com a instalação prevista de 14 aerogeradores de 6,8 MW de potência unitária e uma abrangência territorial muito significativa de cerca de 3.639 hectares (ha) de área de estudo (não considerando o estudo das linhas elétricas), que se localiza na freguesia Cachopo, no concelho de Tavira. O projeto corresponde a um núcleo eólico e implicará a construção de uma subestação coletora 30/150/400 kV, e um conjunto de linhas subterrâneas de média tensão a interligar estes equipamentos, com o objetivo final de disponibilizar energia a 150 kV ou 400 kV para a rede nacional de transporte.
A subestação de ligação à RESP que receberá a energia não está definida nesta fase, sendo que as três alternativas possíveis são a subestação de Tavira, a de Estoi ou a de Tunes. O traçado previsto para LMAT necessária para esta ligação não se encontra definido neste PDA.
Como será explorado de seguida, este parque eólico sobrepõe-se a áreas sensíveis, nomeadamente de Rede Natura 2000 e está numa posição geográfica em que se encontra praticamente “cercado” de áreas sensíveis, sendo praticamente impossível fazer a ligação com a RNT sem instalar uma LMAT que atravesse essas áreas.
Tendo em conta o que foi mencionado e os documentos disponibilizados na plataforma participa.pt, iremos tecer alguns comentários relativos ao PDA do Parque Eólico de Cachopo quanto às dimensões que consideramos mais pertinentes:
A ZERO relembra que Portugal, no contexto do regulamento europeu para o Restauro da Natureza, tem a obrigação de restaurar o estado de conservação de 30% do seu território e que tem, tal como estudado pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), uma área artificializada e uma área fora de zonas de potencial conflito (áreas sensíveis, REN, RAN, etc) mais que suficientes para permitir que explorações energéticas, solar e eólica, atinjam os objetivos de neutralidade carbónica para 2045.
À luz das diretivas e regulamentos europeus e à luz do senso comum, não faz qualquer sentido as autoridades ambientais portuguesas permitirem a artificialização de espaços classificados para instalação de parques eólicos, como é o caso aqui em estudo.
Parabenizamos o facto de reverem o projeto original, que incluiria 14 aerogeradores em Rede Natura 2000, mas apontamos para a necessidade de se ser mais ambicioso na proteção dos valores ecológicos e eliminar totalmente todos os aerogeradores que se prevejam localizar dentro destas áreas sensíveis.
Para além da artificialização necessária, não só da fase de exploração mas intensamente na fase de construção, os parques eólicos e as linhas elétricas têm reconhecidamente impactes significativos na avifauna. Neste aspeto, é com especial preocupação que apontamos que este projeto pretende ser implantado na IBA e no corredor ecológico da Serra do Caldeirão (PT051) e em zonas críticas e muito críticas de aves de rapina. Adicionalmente, ao analisarmos a área de estudo para os corredores das linhas elétricas é indiscutível a dimensão desmedida dos impactes ambientais, especialmente das opções de ligação com Estoi e Tunes, pelo comprimento e uma vez que se sobrepõe a IBA, zonas críticas e muito críticas de aves de rapina e outras espécies, incluindo também abrigos importantes para quirópteros. A LMAT só fará sentido para ligar à subestação de Tavira, e mesmo assim deverá ter em atenção os impactes na avifauna e evitando cruzar áreas sensíveis, como a ZEC do Caldeirão.
O processo de consulta pública não pode ser visto como um pro forma. A ZERO aponta para o facto de que a consulta pública aberta no site participa.pt deve conter toda a informação necessária à análise por parte da sociedade civil e também ser disponibilizada de forma user friendly. Ao fazermos a análise dos documentos da PDA, o printscreen seguinte demonstra a forma pouco clara que estes são disponibilizados, havendo 18 documentos rotulados como “Outro” – o que torna a navegabilidade difícil. Estes erros/problemas de utilização são frequentes no portal participa e no SIAIA, pelo que instamos as autoridades de AIA a criarem mecanismos para que a consulta pública seja facilitada e adequada.
Face às questões acima levantadas, especialmente para os pontos que apontam para impactes críticos na biodiversidade e sobreposições em áreas classificadas, a ZERO emite parecer desfavorável relativo à PDA do EIA do projeto, nos moldes como está a ser apresentada.
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