Início » Aviação em Portugal, em 2018, correspondeu a 7,1% do total das emissões de gases com efeito de estufa do país
Ferramenta Airport Tracker, agora lançada pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente, mapeia o impacto climático de 1.300 aeroportos à escala mundial.
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente, de que a ZERO é membro, em conjunto com a ODI (Open Date Institute) e o ICCT (International Council on Clean Transportation), lançaram o denominado Airport Tracker (https://airporttracker.org/), uma ferramenta online que mapeia o impacto climático de 1.300 aeroportos, cobrindo 99% dos voos de passageiros. Esta é a primeira tentativa global de focar na infraestrutura que permite viagens aéreas e leva a mais emissões de dióxido de carbono (CO₂) nas décadas futuras.
Os dados do Airport Tracker revelam que:
O Airport Tracker permite visualizar as profundas desigualdades socioeconómicas da aviação: os aeroportos acima estão predominantemente localizados na Ásia-Pacífico, América do Norte e Europa, sendo que os voos de passageiros de apenas 20 cidades criaram emissões de CO₂ equivalentes a uma economia de médio porte, como a Espanha.
Os voos de passageiros que partem de Londres Heathrow, Paris Charles de Gaulle, Frankfurt, Amsterdam Schiphol e Madrid Barajas emitem 53 milhões de toneladas de CO2. A ZERO lembra que todas estas emissões estão isentas de imposto sobre combustível e das quais menos de 15% são cobradas nos esquemas de comércio de licenças de emissões da União Europeia e do Reino Unido. Estes esquemas incluem apenas voos domésticos e na UE, o que significa que os voos que saem da Europa não estão incluídos.
A ZERO alerta igualmente para a desigualdade que também existe dentro das regiões. Dos 346 aeroportos europeus analisados, 10 são responsáveis por 42% das emissões de CO₂ de passageiros da região, e 4 desses 10 estão em apenas dois países (Reino Unido e Alemanha).
A inovação tecnológica e operacional aumentou a eficiência no uso de combustível da aviação, limitando o aumento de gases com efeito de estufa decorrente do rápido crescimento da aviação civil, desbloqueado pela construção de novos aeroportos e pistas. No entanto, nos últimos anos, os ganhos de eficiência foram superados pelo crescimento do tráfego, com o tráfego de passageiros a aumentar quase quatro vezes mais rápido do que a eficiência de combustível. Os denominados “combustíveis de aviação sustentáveis” podem reduzir os efeitos de aquecimento do CO₂ associados ao combustível de aviação, mas é improvável que os elimine, e o seu impacto no aquecimento, provocado sem ser através do CO₂ mas de outros efeitos, ainda está sob investigação. Mais importante, aumentá-los do seu nível atual de menos de 0,1% de combustível de aviação para 5% em 2030 ajudaria apenas a conter o crescimento das emissões, não reduziria as emissões absolutas. No futuro, aeronaves elétricas a bateria podem ser adequadas para voos mais curtos e aeronaves movidas a hidrogénio são mais promissoras para viagens de longo curso. No entanto, uma vez que mesmo os principais fabricantes acreditam que os motores a jato tradicionais dominarão até 2050, essas tecnologias provavelmente não chegarão a tempo de limitar o impacto climático do setor para cumprir as metas globais de descarbonização.
A aviação internacional não foi incluída na primeira série de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), que viu os países comprometerem-se a reduzir as emissões em linha com o Acordo de Paris de 2015, nem os governos em geral cobram impostos sobre os combustíveis fósseis usados pelo setor. Em 2016, a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), agência das Nações Unidas (ONU) responsável pela segurança e coordenação do setor, finalizou o denominado CORSIA. O CORSIA é um esquema voluntário de compensação e redução de carbono para a aviação nos primeiros seis anos, tornando-se obrigatório apenas a partir de 2027, e análises iniciais mostraram que cobriria menos de um terço das emissões de voos internacionais.
Um trabalho mais recente para a Comissão Europeia avaliou como as diferentes propostas de redução de emissões limitariam na prática o impacto do setor no clima. Concluiu-se que, de todos os esquemas propostos para o setor da aviação, a implementação do CORSIA na Europa seria a pior opção para o clima, com cobertura internacional irregular e um excesso de oferta de compensações baratas e questionáveis, levando a um aumento global das emissões da aviação.
E Portugal? Objetivo de neutralidade climática deveria incorporar a aviação
A ZERO utilizou a ferramenta Airport Tracker para extrair dados relativos a Portugal, em 2018, que revelam que os voos associados aos principais aeroportos portugueses, considerados apenas num sentido (e não ida e volta), resultaram em 4,75 milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa em 2018, 7,1 % do total das emissões do país (66,5 milhões de toneladas). Os dados indicam que o número de quilómetros associados aos voos curtos atingem 12,5 milhares de milhões de quilómetros, os de médio curso, 27,8 e os de longo curso, 17,8. A eficiência de emissão por passageiro é de 91 gCO2/km no caso dos voos de curta distância, 74 gCO2/km nos voos de médio curso e 88 gCO2/km no longo curso, sendo a média de 82 gCO2/km. O tráfego de passageiros nos aeroportos portugueses foi de 21,5% na curta distância, 47,8% no médio curso e 30,6% no longo curso. Lisboa é o principal aeroporto responsável por emissões associados aos voos com partida deste aeroporto com 3,03 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa (64% do total de emissões), Porto com 09,77 e Faro com 0,57.
Para a ZERO é fundamental considerar-se o total das emissões associadas ao total dos voos nos objetivos de neutralidade climática, e não incluir apenas os voos domésticos e as emissões associadas às aterragens e descolagens, que em 2018, representaram apenas cerca de 0,5 milhões de toneladas, isto é, 11% do total. Mais ainda, estes valores revelam quão importante é discutirmos a expansão aeroportuária num contexto de emergência climática.
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