Árvore de Natal natural Vs Árvore de Natal de plástico
Chegámos finalmente àquela altura do ano em que a maioria de nós começa a preparar uma das últimas efemérides do calendário anual: o Natal. Mas esta época, que para muitos é tão desejada, tem um custo para o planeta, a nossa pegada ecológica neste período é maior do que no resto do ano. Isso porque tendemos a comprar mais comida e presentes, e também desperdiçamos e viajamos mais.
Mas felizmente há cada vez mais pessoas preocupadas com o impacto ambiental negativo provocado pelos seus hábitos de consumo e a forma como celebram a época. Seguindo um conjunto de iniciativas natalícias que visam atenuar o impacto negativo, é possível celebrar um Natal menos consumista, mais humanista, com menos desperdício, reduzindo a pegada ecológica da festividade.
A árvore de Natal é uma peça central em qualquer decoração natalícia, indispensável para criar o ambiente ideal e memórias para a vida. Mas as opções no mercado são variadas e cada um terá naturalmente a sua preferência.
Que tipo de árvore escolher, entre as opções mais frequentes – natural ou de plástico – é uma dúvida que muitos têm. Nós podemos ajudar, antecipando desde já que a resposta não é óbvia nem simples.
Comecemos por considerar uma árvore natural. O abate descontrolado de milhares de árvores em áreas naturais no período das festas não é um bom argumento a favor. As árvores são recursos valiosos, não apenas como sumidouros de CO2 – são importantes contribuidoras para a mitigação do aquecimento global – e produtoras de O2.
Através de explorações florestais que cultivam árvores para este fim podem surgir alguns benefícios ambientais, económicos e sociais que reduzem o seu impacto ambiental:
– Uma árvore de Natal demora em média 7 a 11 anos a atingir a altura para ser comercializada. À medida que estas árvores crescem, não só fornecem ar puro, sequestram CO2, mas também servem como habitats de vida selvagem, ajudam a melhorar a qualidade da água, retardam a erosão e preservam os espaços verdes;
– As árvores cortadas são imediatamente substituídas por novas mudas. A regeneração é da responsabilidade do silvicultor;
– Apoio à economia local e os silvicultores locais, impedindo o abandono das terras e promovendo a conservação de ecossistemas florestais;
– Podem ser colhidas de forma a serem replantadas.
Por outro lado, existe uma pegada de carbono produzida ao longo do ciclo de vida de uma árvore de Natal natural que não é negligenciável. Tem a ver com o consumo de energia e de recursos e com emissão de gases com efeito de estufa associados à manutenção, ao abate, à produção da embalagem, ao transporte até ao local de venda e para casa. E ao fim de vida da embalagem e da árvore. É importante não esquecer que o CO2 que a árvore absorve durante a sua vida acaba por ser libertado quando a árvore chega ao seu fim de vida.
E uma árvore de plástico? Se por um lado evita o abate de árvores verdadeiras, por outro as árvores artificiais são normalmente feitas de plástico, PVC e polietileno, e aço e podem conter substâncias perigosas, nomeadamente retardadores de chama. O plástico é um material feito à base de petróleo e o PVC em particular é difícil de reciclar pois contém aditivos tóxicos, estando ligado a riscos sanitários e ambientais. A maioria das árvores de plástico vêm da China, são normalmente carregadas em cargueiros marítimos que queimam combustíveis fósseis nas viagens para os seus destinos, onde são distribuídas a retalhistas. Mas os peritos dizem que as emissões associadas ao transporte de árvores artificiais são menos significativas do que o que é produzido ao fazê-las.
Quando analisadas diversas variáveis de impactos ambientais, tais como o grau de contribuição de ambas para o aquecimento global, impacto sobre a saúde humana, ecotoxicidade terrestre e na água, uso do solo e consumo de água, etc., os resultados podem resumir-se muito facilmente: a árvore de plástico tem muito mais impacto em todas as vertentes estudadas, à exceção da categoria de uso do solo. Estudos mostram que é quase sete vezes superior ao impacto ambiental da árvore de Natal natural, o que significa que a árvore artificial terá de ser utilizada durante, pelo menos, 7 Natais para que os impactos ambientais que tem a mais sejam compensados. Outro estudo divulgado em 2009 concluiu que as árvores artificiais só se tornariam melhores do que as naturais se fossem utilizadas durante 20 anos. A conclusão é quanto mais anos utilizar a árvore de Natal artificial, melhor será para o ambiente.
Portanto, se já tiver uma, o ideal é mesmo cuidar bem dela, repará-la, se necessário, para que dure muitos anos e não deixá-la de lado ou deitá-la fora e substituí-la por uma natural.
Independentemente do tipo de árvore de Natal escolhido a árvore irá, mais cedo ou mais tarde, chegar ao fim de vida. A forma como é eliminada reduz o seu impacto.
Quando já não for útil a ninguém a árvore de plástico acabará em aterro – onde pode levar centenas de anos a decompor-se – ou numa incineradora, onde liberta químicos tóxicos. Apesar de ser em plástico e metal, dois materiais recicláveis, a verdade é que não é uma embalagem e, como tal, não pode ser colocada no ecoponto.
Nesta questão as árvores naturais têm vantagem, havendo formas sustentáveis de as reciclar. É possível aproveitar os restos da árvore para beneficiar o ambiente, transformando árvores de Natal mortas em cobertura para solos ou em composto, podem ser utilizadas para evitar a erosão em terrenos inclinados, ou até mesmo como refúgio para a vida selvagem. O importante é evitar que cheguem aos aterros.
Árvore natural ou de plástico, qual a opção mais sustentável?
Não existe uma resposta simples e categórica a este duelo, pois cada escolha tem os seus prós e contras. Na verdade, o que importa é a forma como as obtemos e como nos livramos delas.
Se prefere uma árvore de plástico, o foco deve estar na reutilização. Cuide bem dela e mantenha-a pelo máximo de tempo possível. O mesmo se aplica a todos os outros objetos de decoração, para a árvore e para a casa.
Algumas dicas para os adeptos da árvore artificial:
– Evite versões de árvores artificiais que tenham cores diferentes do verde habitual, a probabilidade de se cansar é muito maior;
– Compre uma árvore que tenha as dimensões adequadas para a divisão onde irá estar. Demasiado grandes reduzem o espaço útil da divisão, demasiado pequenas retiram o protagonismo que se espera desta peça central, precipitando a troca por outra árvore nova;
– Opte por uma árvore de boa qualidade, robusta e resistente, para que dure várias décadas.
Se tem preferência por árvores naturais, certifique-se de que:
– A origem da árvore é sustentável e que não resulta de práticas de desflorestação;
– Não compre árvores que sejam originárias de fora de Portugal, compre a produtores locais;
– Prefira árvores que tenham sido cortadas para manter o terreno limpo e prevenir incêndios. Existe em Portugal a iniciativa “Pinheiro Bombeiro”, que decorre em regra todos os anos, na qual parte do dinheiro da compra de um pinheiro, recolhido na limpeza de terrenos, reverte para os bombeiros e que permite que o consumidor, depois do final da época natalícia, devolva a árvore para que seja transformada em biomassa;
– Compre uma árvore em vaso que possa plantar depois da época natalícia.
Uma boa opção é construir a sua própria árvore, assim como as decorações, a partir do reaproveitamento de materiais. Nesse caso, aproveite a Internet e ideias não lhe faltarão. É um ótimo pretexto para realizar uma atividade lúdica e criativa com as crianças, envolver a família e amigos na tarefa e criar memórias inesquecíveis.