Como identificar espécies invasoras nas nossas florestas e por que precisamos combatê-las

As espécies invasoras são organismos exóticos que ao serem introduzidos num novo ambiente, estabelecem-se e proliferam de forma prejudicial, alterando o equilíbrio ecológico local. Anualmente, as espécies invasoras têm um custo global de cerca de 390 mil milhões de euros, ameaçam a biodiversidade nativa, impactam as cadeias alimentares e reduzem a resiliência dos ecossistemas.
As espécies invasoras já são consideradas a 5ª principal ameaça à biodiversidade, mas para o cidadão comum ainda está muito aquém o reconhecimento das espécies invasoras como uma ameaça efetiva, o que nos faz ser muitas vezes o vetor de transporte destas espécies. Algumas espécies invasoras foram introduzidas intencionalmente para determinados fins e são utilizadas pelas populações por terem impactos que consideram positivos, sendo por isso a sua gestão por vezes alvo de controvérsia e causa de conflitos.
É o caso da Erva-das-Pampas (Cortaderia selloana), com uma inflorescência com milhares de sementes minúsculas dispersas pelo vento; das acácias-da-austrália (Acacia melanoxylon) com sementes com um arilo alaranjado que atrai aves que dispersam as sementes; do Chorão-das-praias (Carpobrotus edulis), cujos fragmentos se propagam vegetativamente; da Háquea-picante (Hakea sericea), com o fruto que abre em reação à desidratação, por fogo ou morte da planta, e liberta as sementes aladas que iniciam novos focos de invasão distantes das plantas-mãe.
Por que precisamos combater as espécies invasoras?
- Declínio das espécies autóctones, através da predação, ocupação do habitat e competição por recursos essenciais, chegando, por vezes, a substituí-las completamente;
- Impactes nos serviços dos ecossistemas, afetando a produção de alimentos, o fornecimento de água e diversos recursos, a regulação do clima, o sequestro de carbono, a regulação de cheias, proteção contra doenças, o valor estético e cultural das paisagens.
- Impactes no equilíbrio dos ecossistemas, por exemplo, através da alteração dos ciclos biogeoquímicos (ciclo do carbono e do azoto), da composição da vegetação, da qualidade da água, da alteração dos regimes de fogo e das cadeias alimentares;
- Diminuição da disponibilidade de água nos lençóis freáticos, no caso de espécies muito exigentes no seu consumo e que crescem em grande densidade;
- Impactes na saúde pública, quando são espécies tóxicas, cortantes, que provocam doenças, alergias, ou funcionam como vetores de pragas que afetam tanto a flora como a fauna;
- Prejuízo económico, quer ao nível da produção, nomeadamente quando são espécies que invadem áreas agrícolas, florestais ou piscícolas, quer na aplicação de medidas de controlo e recuperação de sistemas invadidos.
Como identificar e controlar as espécies invasoras?
Identificar e controlar espécies invasoras nas nossas florestas é essencial para proteger a biodiversidade e a saúde do ecossistema. Como podemos fazê-lo?
O projeto invasoras.pt que tem toda a informação para aprender a:
- identificar as diferentes espécies, através de fichas com informação para cada uma das espécies;
- controlar, exigindo a seleção dos métodos mais adequados para cada espécie e situação e a sua correta aplicação – os métodos disponíveis são muito variados e incluem desde métodos físicos, químicos, biológicos, ou outros.
A deteção precoce e o método de controlo adequado são essenciais para minimizar os impactes negativos da invasão biológica, sem esquecer, por fim, a monitorização e avaliação dos resultados.