Crescimento Verde
Em 10 segundos
O “crescimento verde” é um modelo de desenvolvimento que pretende conciliar o crescimento económico com a promoção de objetivos de sustentabilidade ambiental, nomeadamente a redução de emissões e o aumento da eficiência no uso de recursos.
Uma das estratégias propostas pelos promotores do crescimento verde é a ideia de “desacoplamento” (“decoupling”), ou seja, a quebra da ligação entre a expansão económica, de um lado, e o aumento do uso de recursos e de emissões de resíduos poluentes (nomeadamente gases de efeito de estufa) do outro através do desenvolvimento tecnológico e de técnicas de desmaterialização da economia (tais como a digitalização de serviços).
Zoom ZERO
Embora o progresso tecnológico (em particular o desenvolvimento de tecnologias verdes e o aumento da eficiência energética) diminua o impacto relativo do crescimento económico sobre a biosfera (a emissão de CO2 por dólar de PIB, por exemplo), ele não diminui o seu impacto absoluto (neste caso, a emissão total de CO2). Isto acontece porque o crescimento verde depende de um progresso tecnológico rápido o suficiente para compensar o crescimento económico, o que dificilmente acontece. Isto faz dele um modelo de sustentabilidade muito pouco fiável, visto que não há qualquer garantia de que o progresso tecnológico se possa fazer a esse ritmo indefinidamente (especialmente porque até ao momento não o tem sido feito).
Mesmo a digitalização de serviços não permite a sua total desmaterialização, dado que serviços digitais continuam a estar dependentes do funcionamento de servidores cuja construção requer a utilização de recursos materiais e cujo funcionamento consome energia. Além disso, derradeiramente existe um limite físico para o desacoplamento da economia, determinado pelas leis da termodinâmica e que podemos comprovar empiricamente: embora o consumo total de energia por dólar de PIB tenha vindo a diminuir a nível mundial ao longo das últimas décadas, o consumo de exergia útil (a fração da energia que efetivamente realiza trabalho útil) por dólar de PIB manteve-se constante no mesmo período de tempo. Isto significa que, embora os processos de transformação de energia sejam cada vez mais eficientes, a quantidade de exergia útil consumida aumenta continuamente com o aumento do PIB, pelo que um crescimento económico infinito requereria um aumento infinito do consumo de exergia útil, o que é evidentemente impossível num planeta finito.
A ideia de crescimento verde tem vindo a ganhar destaque na discussão política internacional, sendo um modelo económico defendido pelo Banco Mundial, a OCDE e a União Europeia, mas embora esta estratégia seja preferível ao crescimento tradicional ela continua a ser insuficiente para solucionar os problemas impostos pela crise climática, permitindo apenas adiar as suas consequências negativas e não resolvê-las. Como tal, a ZERO opõem-se ao crescimento verde, escolhendo em vez disso apoiar modelos económicos que alcancem uma redução real do impacto antropogénico sobre a biosfera (como o decrescimento económico) e um desvio do foco da política internacional do crescimento quantitativo da economia para a melhoria qualitativa da vida dos cidadãos e do bom funcionamento da governança e da democracia (como a economia do bem-estar).
O que posso eu fazer?
- Informar-se mais sobre ideias como o decrescimento económico e a economia do bem-estar e divulgá-las com os seus conhecidos e pelas redes sociais.
- Refletir as suas preocupações com um desenvolvimento verdadeiramente sustentável através do voto, valorizando decisores políticos cujas ideias se alinhem com os princípios do decrescimento económico e da economia do bem-estar e não com os princípios do crescimento verde.
- Ter atenção aos impactos reais de iniciativas divulgadas como “verdes” por parte de governos e empresas.
- Ser ativo em termos de participação cívica na crítica ao crescimento verde.