Hidrogénio Verde: a solução?

Na busca por uma transição energética verdadeiramente sustentável, muito se tem falado do hidrogénio, sobretudo do chamado hidrogénio verde. Mas que energia é esta e será mesmo uma solução para um futuro menos poluente? Eis as respostas, descomplicadas.
O que é?
O hidrogénio (molécula H2) é um combustível limpo uma vez que a sua combustão gera apenas água. No entanto, é um elemento que isolado existe apenas em pequenas quantidades na natureza. O que significa que para ser utilizado em vetores de energia terá de ser criado, ou seja, é sintético. Para obter este hidrogénio é necessário um processo de eletrólise, que decompõe um composto químico por ação da corrente elétrica. Será então precisa energia e água para que a reação através do processo de eletrólise se transforme em hidrogénio isolado e oxigénio. É por causa da energia usada neste processo que se atribuem cores ao hidrogénio:
– Cinzento ou castanho: obtido com energia fóssil;
– Azul: obtido com energia fóssil, mas o dióxido de carbono foi capturado e armazenado;
– Verde: obtido com energias renováveis.
Desvantagens?
À partida então, o hidrogénio azul ou verde, seria uma solução ideal. No entanto, há várias questões que temos que ter em conta. No caso do hidrogénio azul, não há certezas sobre a eficiência e a capacidade dos métodos de armazenamento de dióxido de carbono. No caso do hidrogénio verde, o problema é que todo o processo de produção de energia renovável, seja eólica, seja solar, acarreta perdas de energia. Além disso, a própria eletrólise tem uma perda de 30 por cento, e a compressão e o transporte do hidrogénio comportam pelo menos perdas de 10 por cento.
É o mais eficiente?
Nos transportes e no aquecimento das casas, o hidrogénio não é solução. A eletrificação destes sectores é mais aconselhável, uma vez que para obter o mesmo resultado, e tendo em conta as enormes perdas do hidrogénio, seria precisa cinco vezes mais produção de hidrogénio que eletricidade. Também não é vantajoso a mistura de gás natural e hidrogénio para aquecer as nossas casas. Esta por vezes é vendida como uma solução verde para a utilização do gás natural (combustível fóssil), mas na verdade a redução de dióxido de carbono é apenas de seis a sete por cento. Onde poderíamos adotar o hidrogénio verde de forma mais eficaz, seria na substituição do hidrogénio cinzento, muito usado na indústria petroquímica.
A ZERO defende que:
– Devemos apostar na eletrificação do sector dos transportes, apoiando sobretudo o investimento nos transportes públicos.
– Devemos proceder à substituição do hidrogénio cinzento pelo hidrogénio verde na indústria petroquímica.