Materiais descartáveis de madeira/bambu VS. plástico – qual a melhor opção?
Comecemos pelo plástico. Desde a sua invenção no início do séc. XX, o plástico consolidou-se ao longo do tempo como um material fundamental para a sociedade, aplicado a diversos sectores essenciais e desempenhando um papel útil na economia. É um material prático, resistente, leve, fácil de produzir e económico para os bolsos do consumidor.
No entanto, a sua utilização em aplicações de curta duração – que não são concebidas para serem reutilizadas ou recicladas de forma eficaz – torna os seus padrões de produção e consumo insustentáveis e lineares, o que ameaça gravemente a saúde do meio ambiente.
- Na União Europeia, 80% a 85% do lixo marinho é constituído por plástico, sendo que os artigos de plástico de utilização única representam 50 % (APA, 2021).
- Os combustíveis fósseis são a principal matéria-prima na produção do plástico.
- Longo período de decomposição do resíduo plástico, que pode levar mais de 400 anos a decompor-se.
Assim, na procura de soluções para o aumento da produção de resíduos de plástico e sua dispersão no ambiente, em particular no meio marinho, surge a substituição do plástico por materiais como a madeira e o bambu.
Devido às suas características naturais, a madeira e o bambu promovem a durabilidade dos produtos onde são aplicados. Para além disso, uma vez que são materiais biodegradáveis e compostáveis, é possível descartar os produtos sem impactar negativamente o meio ambiente. Ao contrário do plástico que provém de um recurso não-renovável e cuja extração tem impactos negativos reconhecidos, a madeira pode ser plantada, favorecendo espécies de crescimento rápido ou com capacidade de se regenerarem a partir das próprias raízes como o bambu, não necessitando de voltar a ser plantado.
Mas serão a madeira e o bambu as alternativas mais sustentáveis ao plástico no que diz respeito a materiais descartáveis?
Para que um produto possa ser considerado um bom substituto dos que existem no mercado e que são ambientalmente prejudiciais, todo o seu processo de produção, transporte, descarte e atributos deve representar um claro ganho do ponto de vista do seu impacto no ambiente.
Sempre que um determinado recurso é bom para ser utilizado, o ser humano tende a usá-lo até à sobre-exploração causando impactos negativos nos ecossistemas naturais. Nem todos os tipos de madeira são ideais para produzir materiais de curta duração e a crescente procura por certos tipos de madeira é uma das responsáveis pela desflorestação e uso de monoculturas, com grande prejuízo para a biodiversidade e outros serviços de ecossistema.
Há também ainda o risco de estarmos a usar produtos que podem estar a misturar materiais ou possam ter determinadas substâncias químicas, não sendo apenas madeira ou bambu, o que normalmente prejudica muito as suas características de biodegradabilidade ou compostabilidade.
Neste contexto, a ZERO não é favorável à substituição de materiais como primeira abordagem e defende que se deve apostar na redução e na reutilização, visto que é fundamental reduzir o consumo de recursos naturais. Existem várias razões para esta posição:
– Os materiais têm sempre de vir de algum lado. Se tentarmos substituir uma grande quantidade de usos de um dado material por outro, iremos sempre ter impactes ambientais muito significativos, pois os materiais alternativos também terão de ser produzidos/utilizados em grande quantidade.
– Garantir a efetiva compostabilidade dos materiais não é fácil.
– Portugal não tem um sistema de recolha de biorresíduos para compostagem no terreno, pelo que o eventual potencial dos materiais compostáveis não será aproveitado e acabará em aterro.
– Conceitos como ser compostável, biodegradável podem passar ao consumidor a mensagem errada, podendo levar a algum relaxamento em termos da gestão do resíduo, resultando em maior abandono no ambiente, ou mesmo à ideia de que não há problema em usar estes recursos, mesmo que descartáveis.
Para conhecer em detalhe cada uma delas, aceda a https://zero.ong/blog/noticias/medida-em-preparacao-pelo-governo-podera-falhar-objetivos-se-taxa-nao-for-aplicavel-a-todos-os-sacos/