O que é o Ativismo Ambiental?
Vemos os ativistas do ambiente no sítio do costume: na televisão, a comentar um acontecimento, nas redes sociais, a divulgar eventos, ou na rua, a enfrentar a autoridade policial. O ativismo ambiental tem muitas formas e feitios, nem sempre consensuais. Mas o que é na verdade o ativismo ambiental? Eis a sua resposta, descomplicada.
A Definição
Em termos gerais, um ativista é um agente de mudança que defende determinada causa e tenta mobilizar a comunidade para lutar por ela. No caso do ativismo ambiental, este é normalmente definido como a ação de indivíduos ou grupos que visa proteger o ambiente. Nos dias que correm, o ativismo ambiental está largamente associado ao combate às alterações climáticas, tentando colocar esta causa no centro da agenda política.
Os Tipos
Podemos distinguir os vários tipos de ativismo ambiental através das causas que defendem (oceano, floresta, água, agricultura, resíduos, etc.) ou por formas de atuação. As formas de atuação são variadíssimas, mas poderíamos falar de: ações de sensibilização do público; intervenção junto das instituições políticas ou da indústria (trabalhando com agentes locais ou nacionais); ações judiciais; petições; ou ainda aquelas que se centram nas ações de rua (manifestações, protestos ou ações diretas de desobediência civil, tais como um ato performativo ou o bloqueio de estradas).
A Discórdia
A desobediência civil e o uso deste tipo de ação não é consensual, nem entre ativistas, nem entre a população.
Por um lado, argumenta-se que a obediência à lei nem sempre é a atitude mais correta, sobretudo quando é o próprio sistema que origina a ameaça ao clima. Além disso, muitos ativistas acreditam que apenas aumentando o nível de ação se poderá obter uma resposta efetiva, pela qual o movimento climático espera há décadas. Nesta perspetiva, a desobediência civil é vista como necessária, tendo em conta o ponto histórico em que nos encontramos e a urgência na mudança.
Por outro lado, a desobediência à lei pode abrir um precedente potencialmente perigoso (devemos desobedecer às leis quando estas não nos agradam?), além do risco de uma escalada de violência prejudicar terceiros que nada têm a ver com o assunto que está em causa.
Os Perigos
Ser ativista comporta por vezes riscos. Na verdade, parece haver um aumento de acusações criminais em vários países contra ativistas ambientais. [1] Os ativistas são confrontados com acusações de subversão, associação criminosa ou terrorismo. Além disso, muitos governos estão a aprovar leis que tornam os protestos ilegais como forma de dissuadir as pessoas de irem para as ruas manifestar-se.
Alguns ativistas ambientais arriscam mesmo a própria vida. Em 2022, pelo menos 177 pessoas perderam a vida a defender o ambiente, sendo que um quinto deste número foram homicídios que ocorreram na Amazónia.[2]
Os Passos
Nem todo o ativismo é confrontado com estes riscos. Cada um de nós pode escolher o caminho que quer seguir nesta luta, o importante mesmo é agir.
E para começar, aqui seguem algumas dicas:
– Identificar a causa que mais nos desperta interesse (pode ser a proteção de uma área de floresta ou a luta contra o desperdício, por exemplo);
– Identificar organizações com as quais podemos colaborar, seja fazendo donativos, voluntariado ou participando em ações;
– Estar atento ao que se passa na nossa área de residência e, caso seja identificada uma causa, juntar um grupo de pessoas que também estejam dispostas a lutar por ela, ajudando na organização de petições ou manifestações;
– Estar atento às Consultas Públicas que permitem aos cidadãos participarem nos procedimentos administrativos e legislativos do governo;
– Usufruir do orçamento participativo, um mecanismo de participação dos cidadãos no processo de decisão do orçamento municipal.
Saber Mais:
– https://www.ativaclima.pt/pt/ser-mais-ativ-na-luta-climatica/guia-do-ativismo
[1] https://www.theguardian.com/environment/2023/oct/12/how-criminalisation-is-being-used-to-silence-climate-activists-across-the-world
[2] https://www.theguardian.com/environment/2023/sep/13/environmental-activists-killed-at-a-rate-of-one-every-other-day-in-2022-global-witness-report-aoe