Toalha de papel Vs. Secador elétrico
A boa higiene das mãos tem o potencial de prevenir doenças e de promover saúde. Uma componente essencial dos procedimentos eficazes de higiene das mãos deve ser a secagem correta após a lavagem, sobretudo nas casas de banho públicas, onde o cuidado deve ser redobrado.
Qual a melhor maneira de secar as mãos, principalmente fora de casa, entre as alternativas normalmente disponíveis, toalhas de papel e secador elétrico de ar?
A higiene e a prevenção de contaminações cruzadas são aspetos que não devem ser descurados, principalmente em contextos de cuidados de saúde. A maioria dos estudos concluiu que as toalhas de papel podem secar as mãos de forma eficiente, removem eficazmente as bactérias e causam menos contaminação do ambiente da casa de banho. É provável que as toalhas de papel funcionem melhor porque removem fisicamente as bactérias das mãos, ao passo que os secadores de ar quente e os secadores de jato de ar frio não o conseguem fazer. O movimento do ar parece favorecer a dispersão e a transmissão de bactérias e aumentar a possibilidade de contaminação cruzada. Em muitos casos, esfregar as mãos com secadores de ar quente para acelerar a secagem só leva a um maior número de bactérias disseminarem-se no ar.
Em relação ao aspeto ambiental, qual o método de secagem mais ecológico e com impacto menos negativo no ambiente?
A resposta pode surpreender tendo em conta que num método ocorre consumo de energia e noutro não, mas será mesmo assim? Já parou para pensar sobre quanto papel descartamos diariamente após utilizado apenas uma vez?
É necessário comparar os ciclos de vida de um secador de ar elétrico e das toalhas de papel e outros indicadores de impacto ambiental.
Analisando o ciclo de vida de um secador elétrico, tendo em conta a produção, transporte, descarte e consumo energético comparado ao tempo de vida útil do objeto, conclui-se que o seu impacto ambiental é menor. A utilização de um secador de ar quente durante 30 segundos, apesar de consumir mais energia quando comparado com a utilização de uma média de duas toalhas de mão por utilização, gera menos emissões de carbono anualmente.
Os modernos e potentes secadores de mãos a jato de ar frio são também mais ecológicos do que as toalhas de papel, pois expulsam a água com a força do ar em vez de evaporar a água das mãos e, como resultado, consomem apenas uma pequena quantidade de energia por utilização. Há um fator de influência que é relevante referir: o tipo de fonte de energia elétrica utilizada. Se a fonte for centrais térmicas a queimarem carvão, por exemplo, então o impacto do secador pode ser maior. No contexto português, o valor do impacto poderá variar e ser mais favorável, uma vez que a nossa percentagem de renováveis no mix de produção de energia elétrica tem vindo a aumentar – em 2023, 61% do consumo de energia elétrica foi abastecido por produção renovável (REN, 2023).
Pelo contrário, ao longo do seu ciclo de vida, o papel-toalha, mesmo que o papel utilizado seja reciclado, gera maior impacto ambiental, desde a extração das árvores, passando pelo tratamento químico das fibras, transporte, produção dos recipientes que guardam as folhas de papel e por fim, a sua eliminação – quando descartado não pode reciclado pois o papel molhado perde as propriedades de ser reciclado – e decomposição em aterros sanitários com libertação de metano.
Recorrendo ao método Eco-indicator 99, que permite quantificar os impactos ambientais decorrentes dos ciclos de vida de ambos os métodos de secagem das mãos, verifica-se que o método do papel-toalha causa mais danos do que o método do secador de ar. Das 11 categorias de impacto analisadas, o método do secador de ar tem melhor performance do que o método do papel-toalha em 6 categorias – respiratórios orgânicos, respiratórios inorgânicos, camada de ozono, ecotoxicidade, acidificação/eutrofização das reservas de água e uso de combustíveis fósseis. Por sua vez, o método do papel-toalha apresenta melhor performance em 5 das 11 categorias: carcinogéneos, alterações climáticas, radiação, utilização dos solos e extração de minerais (Budisulistiorini, 2012).
Em conclusão:
Do ponto de vista da higiene, as toalhas de papel são superiores aos secadores de ar, sendo mais eficientes a remover bactérias e a evitar contaminações cruzadas. Por conseguinte, em locais onde a higiene é fundamental, como hospitais e clínicas, recomenda-se a utilização de toalhas de papel.
Mas do ponto de vista do impacto ambiental o caso muda de figura, pois os dados científicos apontam o uso de secador elétrico como a opção mais amiga do ambiente.
Quando a higiene for um aspeto de maior relevância, como diminuir o impacto negativo do uso da toalha de papel na secagem das mãos?
A melhor maneira é diminuir o consumo. Para isso, após a lavagem das mãos é importante chacoalhá-las para tirar o excesso de água, possibilitando a utilização de apenas uma folha para cada lavagem. Caso o papel seja de baixa qualidade, a utilização de duas folhas é suficiente.
Fontes:
- Hapsari Budisulistiorini, “LIFE CYCLE ASSESSMENT OF PAPER TOWEL AND ELECTRIC DRYER AS HAND DRYING METHOD IN THE UNIVERSITY OF MELBOURNE,” TEKNIK, vol. 28, no. 2, pp. 132-141, Feb. 2012.