Início » Conferência dos Oceanos: ZERO apela a ações concretas e concertadas para proteger os oceanos
Sem oceanos saudáveis não será possível travar as alterações climáticas. São precisos líderes ambiciosos para travar o declínio dos oceanos
O Planeta Azul está de olhos postos em Lisboa que, a partir de amanhã dia 27 de junho e até dia 1 de julho, recebe a 2.ª edição da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, coorganizada pelos governos de Portugal e do Quénia sob o mote “Salvar os oceanos, proteger o futuro”.
Os oceanos são fundamentais para a vida no planeta e para o futuro da humanidade: são responsáveis pela produção de mais de 50% do oxigénio que respiramos, albergam mais de 220 mil espécies e garantem o sustento a mais de 3 mil milhões de pessoas, em especial nos países em desenvolvimento e países insulares. Para além disso, assumem um papel fundamental na dimensão social e cultural da identidade das comunidades costeiras e, como tal, têm um impacto considerável no bem-estar das populações.
A par com esta importância imensurável em termos políticos, económicos, sociais e culturais, os oceanos desempenham uma função imprescindível para a humanidade e para o planeta ao atuar como reguladores do clima. Valerá sempre a pena relembrar que os oceanos absorvem cerca de 91% do calor adicional da atmosfera e são também um dos principais sumidouros de carbono do planeta, contribuindo para a absorção de cerca de ¼ das emissões de dióxido de carbono. Os oceanos apresentam-se, assim, como o nosso principal aliado no combate às alterações climáticas, mas sem oceanos saudáveis não conseguiremos fazer face à crise climática. É fundamental fazer cumprir o Acordo de Paris e limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC, para minimizar as consequências nos oceanos e evitar danos irreversíveis nos ecossistemas marinhos.
Nas últimas décadas temos assistido ao contínuo estado de declínio dos oceanos ancorado, sobretudo, no aumento da pressão das atividades humanas que, por sua vez, não se tem feito acompanhar de estratégias e políticas para enfrentar os impactos crescentes.
Os países têm recorrentemente ficado aquém dos compromissos assumidos tanto na edição anterior da Conferência dos Oceanos, realizada em 2017, como na implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 – Proteger a vida marinha. As expectativas estão agora muito elevadas para se fazer cumprir e melhorar a ambição dos compromissos passados, e para que, finalmente, se passe das palavras às ações. Mais do que compromissos, os oceanos precisam de medidas concretas, concertadas e ambiciosas. O falhanço dos compromissos voluntários assinala a necessidade de acordos globais que vinculem os governos e os responsabilizem no falhanço do cumprimento de metas de conservação e recuperação dos ecossistemas marinhos se de facto procuramos uma mudança de paradigma na utilização dos oceanos.
Portugal, como uma das principais nações oceânicas mundiais, com a quinta maior Zona Económica Exclusiva da Europa e uma profunda ligação cultural e socioeconómica ao oceano, está numa posição privilegiada para assumir a liderança e alavancar a concertação global em torno da proteção e restauração dos oceanos.
A ZERO propõe uma maior consciencialização para a proteção holística dos nossos oceanos:
A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em Lisboa, será um momento decisivo: da ligação oceanos/clima à necessidade de um novo paradigma de governação dos oceanos, será fundamental para dar prioridade à preservação e restauro dos ecossistemas e pavimentar o caminho para a COP do clima no Egito e para uma agenda de ação e implementação.
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