Início » Grandes empresas fazem greenwashing com alegações climáticas falsas
Carta conjunta, assinada pela ZERO, dirigida aos decisores da União Europeia com conjunto de recomendações para distinguir a verdadeira liderança climática de greenwashing das empresas
O primeiro Relatório de Monitorização da Responsabilidade Climática Corporativa(1), uma iniciativa do NewClimate Institute e da Carbon Market Watch, avalia os compromissos climáticos feitos por 25 das maiores empresas mundiais, através de um conjunto de indicadores qualitativos e quantitativos transparentes. Os resultados são evidentes: as alegações de neutralidade climática já feitas pelas empresas referem-se, na realidade, a futuras reduções de emissões, muitas vezes a décadas de distância, e que, em média, correspondem a apenas a 40% de redução. Estas empresas conseguem publicitar as suas alegações falsas através de uma variedade de truques de greenwashing, tais como o aproveitamento de lacunas, omissão de dados, escolha de datas de início de contabilização quando as suas emissões estavam no pico e criando as suas próprias medidas de ação climática falaciosas. Com base neste relatório foi enviada uma carta conjunta, assinada pela ZERO, com um conjunto de recomendações para os decisores políticos da União Europeia (UE).
Por todo o mundo, as empresas enfrentam acusações de um número crescente de stakeholders para assumirem responsabilidade pelo impacto das suas atividades no clima. A maioria das grandes empresas já apresenta estratégias e metas climáticas públicas, muitas das quais incluem compromissos que aparentam reduzir significativamente, ou até mesmo eliminar, a sua contribuição para o aquecimento global.
Mas a crescente quantidade de compromissos climáticos, combinado com a fragmentação de abordagens de definição de metas significa que é mais difícil do que nunca distinguir entre verdadeira liderança climática e greenwashing. Isto é agravado por uma falta geral de fiscalização regulamentar a nível nacional e setorial. Identificar e promover a verdadeira liderança climática é um desafio chave que, se conseguido, tem o potencial de aumentar a ambição mundial de mitigação das alterações climáticas.
O relatório de Monitorização da Responsabilidade Climática Corporativa foca-se nas estratégias climáticas de 25 grandes empresas mundiais, avaliando a integridade dos compromissos climáticos assumidos relativamente a critérios de boas práticas, para identificar bons exemplos para replicação e evidenciar áreas onde são necessárias melhorias.
A análise revela que os compromissos das empresas correspondem na verdade a uma redução média de apenas 40% e não 100%, como pode sugerir o termo “zero emissões líquidas”. Todas as 25 empresas avaliadas neste relatório comprometem-se de alguma forma com uma meta de zero emissões, zero emissões líquidas ou de neutralidade climática. Mas apenas 3 das 25 empresas – Maersk, Vodafone e Deutsche Telekom – é que se comprometem claramente com uma profunda descarbonização de mais de 90% do total de emissões da sua cadeia de valor. As 13 empresas que fornecem detalhes específicos das suas alegações de emissões zero comprometem-se, na realidade, a reduzir as emissões totais da sua cadeia de valor de 2019 em apenas 40%, em média. As restantes 12 empresas nem sequer acompanham as suas alegações com qualquer compromisso quantitativo de redução de emissões para um ano alvo. Coletivamente, as 25 empresas comprometem-se a reduzir, na prática, apenas menos de 20% da sua pegada carbónica de 2.7 GtCO2 (gigatoneladas de dióxido de carbono), nos respetivos anos alvo indicados.
Distinguir verdadeira liderança climática de greenwashing é fundamental para acelerar descarbonização de economia
A ação climática das empresas é fundamental para o alinhamento com uma trajetória de 1,5°C de aumento médio da temperatura global. Num curto espaço de tempo e na ausência de regulação de cima para baixo (top-down) suficiente, as expectativas dos consumidores e acionistas têm sido o principal motor do aumento dos compromissos climáticos das empresas. Para facilitar este importante mecanismo de pressão de baixo para cima (bottom-up), é essencial a credibilidade das alegações, isto é, que as estratégias de contabilização das empresas sejam transparentes e que possam ser entendidas pelo seu público-alvo.
As empresas ambiciosas que apresentam verdadeira liderança climática poderão ser apoiadas pela introdução de regulamentação mais forte, assegurando que não ficam em desvantagem económica comparativamente aos seus pares. As entidades reguladoras e as iniciativas de normalização têm de encontrar modos de distinguir verdadeira liderança climática de greenwashing, para assim apoiar atores empresariais ambiciosos e potenciar a aceleração da descarbonização da economia.
Recomendações para promover a verdadeira liderança climática das empresas
Baseada nas conclusões deste relatório foi elaborada uma carta conjunta, assinada pela ZERO e enviada aos decisores políticos da UE, com um conjunto de recomendações políticas para promover a verdadeira liderança climática das empresas e combater o greenwashing. Entre as recomendações, incluem-se:
Francisco Ferreira, Presidente da ZERO, reforça que “é fundamental que as empresas em Portugal sejam rigorosas nas suas avaliações e compromissos de descarbonização. Não basta apenas parecer ser ambicioso, mas sim reduzir efetivamente as emissões.”
Gilles Dufrasne, da Carbon Market Watch, autor das recomendações para os decisores da UE finaliza, afirmando: “O greenwashing não é um crime inocente uma vez que os consumidores e os decisores políticos são levados a pensar que as empresas estão a fazer tudo o que podem para reduzir o seu impacto climático. As maiores empresas do mundo têm uma grande responsabilidade de estar à altura do desafio que estamos a enfrentar. Atualmente, estão a falhar e é altura de os governos intervirem para regular as alegações das empresas e acabar com a publicidade enganosa.”
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