Início » Mina de lítio do Barroso: da falta de envolvimento da população à degradação da paisagem, poluição e fim do mexilhão-de-rio
ZERO dá parecer negativo no âmbito da consulta pública do estudo de impacte ambiental que termina hoje.
Caso o parecer da Comissão de Avaliação seja favorável ou favorável condicionado, esta será a primeira mina de grande dimensão enquadrada em parte pela nova Lei da Minas, Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, que após quase 6 anos foi finalmente regulamentada com Decreto-Lei n.º 30/2021 de 7 de maio. Uma legislação que tem como positivo a definição de um perímetro mínimo de 1 km em redor dos aglomerados urbanos e rurais onde, salvo um regime de exceção, é interdita a prospeção e pesquisa e supomos que a exploração. Um processo mais expedito na regulamentação certamente colocaria em causa parte da área alvo de exploração.
A consulta pública relativa ao Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da Mina do Barroso (MdB) – fase de Estudo Prévio -, terminou, hoje, dia 16 de julho, e versou, entre outros aspetos, a ampliação da área de concessão de exploração de depósitos minerais de quartzo, feldspato e lítio para cerca de 593 ha e a ampliação da área de exploração para cerca de 70,5 ha, prevendo-se a implantação de um conjunto de infraestruturas, instalações e equipamentos necessários ao funcionamento da mina.
A ZERO reconhece que neste momento, em que o combate às alterações climáticas que já hoje afeta milhões de pessoas, inclusive na Europa, a eletrificação da sociedade tem na tecnologia com base no lítio um importante aliado na transição energética; contudo, não deixa de ser verdade que a mesma não pode justificar uma extração de recursos minerais a qualquer custo, sem que sejam devidamente acautelados os impactes sociais, económicos e ambientais.
Assim, da análise que a ZERO efetuou, e com base na qual elaborou um parecer negativo ao Estudo de Impacte Ambiental, são de enfatizar os seguintes os seguintes pontos:
O apoio às populações numa lógica de imposição por parte da empresa
A ideia de que a compensação com um Plano de Partilha de Benefícios e um Plano de Boa Vizinhança parece-nos ser algo desenhado para agradar, e que não resulta de um processo bem conduzido desde o início com uma discussão com os principais interessados — os que residem e fazem deste território o que ele é hoje.
O Plano de Partilha de Benefícios que acena com um investimento de 500 mil euros anuais em projetos com as comunidades locais, é desenhado numa lógica de pressão e coação, mas sem se saber se vai surtir os resultados pretendidos ou, acima de tudo, sem ter em conta a participação e o desejo de adesão dos visados.
É positiva a intenção de partilha de benefícios; contudo, dificilmente se consegue perceber qual o alcance do plano e o que de positivo ficará e perdurará após o encerramento da MdB. Por exemplo, a distribuição de subsídios tal como é apresentada pode ser positiva, mas certamente não resolve problemas de fundo, porque não existiu um processo participativo na construção de uma estratégia de desenvolvimento local que poderia ser alavancado por parte dos elevados lucros expectáveis gerados pela exploração da MdB.
Em suma, do que é apresentado no Estudo fica a ideia de que todos os impactes são mitigáveis, são recuperáveis e que no final ficará tudo ainda melhor, com a criação de uma nova paisagem a um nível local, ainda que potencialmente melhor em termos ecológicos e de biodiversidade no período pós-exploração mineira, e com um retorno muito positivo para o Município e comunidades locais.
Na verdade, estamos em presença de um projeto que tem evidentes impactes ambientais, muitos deles cuja alegada reversibilidade é muito duvidosa, pelo que jamais se pode afirmar que estamos perante um suposto projeto daquilo que o governo anunciou como de “Mineração Verde” (Green Mining), um conceito falacioso e tecnicamente errado que apenas poderá ser suportado por uma narrativa de “greenwashing” numa atividade que a própria indústria reconhece que inevitavelmente gerará um considerável passivo ambiental para as gerações futuras.
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