Início » A Global Footprint Network e a ZERO mostram a evolução desde 1961 da Pegada Ecológica de Portugal
Compreender a utilização que Portugal faz dos recursos naturais da biosfera através da Contabilização da Pegada Ecológica
Na véspera do Dia Mundial do Ambiente, 5 de junho, a ZERO – Associação Sistema Sustentável Terrestre, em parceria com a Global Footprint Network, apresentam os dados relativos à pegada ecológica do nosso país entre 1961 e 2013.
Os resultados indicam que a biocapacidade por pessoa em Portugal aumentou 24% no período 1961-2013, passando de 1,2 para 1,5 gha por pessoa. Esse aumento foi superado pelo aumento (+ 73%) da pegada ecológica média per capita do país, que passou de 2,2 gha por pessoa em 1961 para 3,9 gha por pessoa em 2013. Ao longo dos anos, o deficit ecológico do país aumentou continuamente até ao início dos anos 2000 e uma redução tem sido registrada desde 2006.
Comparando com os outros países mediterrânicos, os resultados indicam que, em 2013, Portugal tinha a 9ª maior Pegada Ecológica per capita entre os 24 países mediterrânicos considerados, com 3,9 hectares globais (gha) per capita. Entretanto, a biocapacidade per capita portuguesa em 2013 (1,5 gha per capita) foi ligeiramente superior à média regional mediterrânica (1,2 gha per capita), mas inferior ao valor médio mundial de 1,7 gha per capita.
Uma análise da pegada ecológica dos países da UE mostra que Portugal tem a 6ª pegada mais baixa mas que é, ainda assim, muito superior à capacidade do planeta. Ou seja, se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que Portugal, seriam necessários 2,3 planetas.
Numa análise rápida, o consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%)[1] encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal e constituem assim pontos críticos para intervenções de mitigação da Pegada.
Qual o significado da pegada ecológica?
A Contabilização da Pegada Ecológica tornou-se uma medida cada vez mais utilizada para dar relevo ao capital natural e à contabilidade ambiental e é frequentemente implementada em estudos de sustentabilidade para fornecer um primeiro rastreio macroecológico das necessidades metabólicas de uma determinada população, em comparação com a capacidade do ecossistema de fornecer serviços essenciais de suporte à vida.
Tal como um extrato bancário dá indicação das despesas e dos rendimentos, a Contabilização da Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais (através de uma métrica chamada Pegada Ecológica) e compara-as com a capacidade da biosfera de fornecer tais recursos e serviços (através de uma métrica chamada biocapacidade). Tanto a procura como a oferta são expressas em unidades equivalentes a hectare (ou hectares globais – gha), que representam hectares com produtividade biológica média mundial. São considerados seis principais tipos de áreas bioprodutivas, cada uma fornecendo diferentes recursos e serviços de ecossistemas, conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1: O CONSUMO HUMANO É COMPARADO COM A PRODUÇÃO DA NATUREZA.
A Pegada Ecológica mede o uso de terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca para o fornecimento de recursos e absorção de resíduos (dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis). A biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos e serviços
A Contabilidade da Pegada Ecológica é aplicável a diferentes escalas que vão de produtos a cidades, de países ao planeta como um todo. A Pegada Ecológica de cada cidade, estado ou nação pode ser comparada à sua biocapacidade, informando apenas sobre um aspeto fundamental da sustentabilidade – o quanto a sociedade humana exige da capacidade de regeneração da Terra e quanto está disponível – não sobre todos os aspetos da sustentabilidade nem todas as preocupações ambientais. A tentativa de responder a esta questão de investigação científica em particular é motivada pela perceção – cada vez mais apoiada por um número crescente de estudos – de que a capacidade regenerativa da Terra se tornou o fator limitante para a prosperidade das economias e sociedades humanas.
A Global Footprint Network tem vindo a calcular a Pegada Ecológica e a biocapacidade para cerca de 200 países – no chamado Sistema de Contas Nacionais da Pegada – desde 2003 e recentemente publicou os seus últimos resultados relativos ao período 1961-2013 (o ano mais recente para que os resultados estão disponíveis)[2] . Esses resultados estão disponíveis gratuitamente em https://data.footprintnetwork.org/.
Pegada Ecológica Portuguesa
Quando aplicado a Portugal (ver Figura 2), os resultados indicam que a nossa biocapacidade por pessoa (linha verde) aumentou 24% no período 1961-2013, passando de 1,2 para 1,5 gha por pessoa. Esse aumento foi superado pelo aumento (+ 73%) da pegada ecológica média per capita do país (linha vermelha), que passou de 2,2 gha por pessoa em 1961 para 3,9 gha por pessoa em 2013. Ao longo dos anos, o deficit ecológico do país (área vermelha sombreada) aumentou continuamente até o início dos anos 2000 e uma redução tem sido registrada desde 2006.
Figura 2: BALANÇO DE ENCONTRO ENTRE FORNECIMENTO E PROCURA
Comparando com os outros países mediterrânicos (ver Figura 3), os resultados indicam que, a partir de 2013, Portugal tinha a 9ª maior Pegada Ecológica per capita entre os 24 países mediterrânicos considerados, com 3,9 hectares globais (gha) per capita. Entretanto, a biocapacidade per capita portuguesa em 2013 (1,5 gha per capita) foi ligeiramente superior à média regional mediterrânica (1,2 gha per capita), mas inferior ao valor médio mundial de 1,7 gha per capita.
Figura 3: PEGADA ECOLÓGICA DE ATIVIDADES DE CONSUMO, POR TIPO DE TERRA, DOS 24 PAÍSES MEDITERRÂNICOS, EM 2013 / Os países com maiores rendimentos atualmente possuem as maiores procuras de recursos em termos de Pegada Ecológica. A componente de pegada de carbono contribuiu para a principal parcela do valor global da pegada nacional em todos os países analisados; no entanto, varia mais entre os países e aumenta com níveis mais elevados de rendimento per capita.
Comparando com os países da União Europeia (com exceção de Malta e Finlândia para os quais não há dados) (ver Figura 4), os resultados indicam que, a partir de 2013, Portugal tinha a 6ª menor Pegada Ecológica per capita entre os 26 países da UE considerados, com 3,9 hectares globais (gha) per capita.
Figura 4: PEGADA ECOLÓGICA DE ATIVIDADES DE CONSUMO, POR TIPO DE TERRA, DOS 26 PAÍSES DA UNIÃO EUROPEIA, EM 2013 / Os países com maiores rendimentos atualmente possuem as maiores procuras de recursos em termos de Pegada Ecológica. A componente de pegada de carbono contribuiu para a principal parcela do valor global da pegada nacional em praticamente todos os países analisados.
Tal rastreio permite compreender onde e como a pressão humana pode ser reduzida. O défice ecológico de Portugal deve-se tanto a um elevado grau de dependência dos recursos e da biocapacidade do exterior como à utilização excessiva dos recursos locais[3]. Numa análise rápida, o consumo de alimentos (32% da Pegada global do país) e a mobilidade (18%)[4] encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal e constituem assim pontos críticos para intervenções de mitigação da Pegada.
[1] Ver também Galli, A., Iha, K., Halle, M., El Bilali, H., Grunewald, N., Eaton, D., Capone, R., Debs, P., Bottalico, F. 2017. Mediterranean countries’ food consumption and sourcing patterns: An Ecological Footprint viewpoint. Science of the Total Environment, 578, 383–391.
[2] Para cada país incluído na análise, a procura por um determinado recurso (comida, fibra, madeira, etc.) ou serviço de ecossistema (ou seja, sequestro de carbono) é primeiro dividido pelo rendimento desse recurso (ou serviço) por tipo de terra. Os valores obtidos são então multiplicados por fatores de rendimento e equivalência e somados para gerar valores nacionais finais da Pegada Ecológica em hectares globais. A disponibilidade total de biocapacidade em cada nação é calculada considerando as áreas terrestres e marítimas biologicamente produtivas disponíveis e a sua capacidade de produzir recursos e serviços úteis para o ser humano. Além disso, a PE mede a apropriação humana da biocapacidade do ponto de vista do consumidor, pois acompanha a biocapacidade apropriada por causa das atividades de produção locais, bem como as incorporadas nos fluxos comerciais para chegar a uma pegada ecológica final de consumo.
[3] Ver também Galli, A., Halle, M., Grunewald, N., 2015. Physical limits to resource access and utilization and their economic implications in Mediterranean economies. Environmental Science & Policy, 51, 125-136.
[4] Ver também Galli, A., Iha, K., Halle, M., El Bilali, H., Grunewald, N., Eaton, D., Capone, R., Debs, P., Bottalico, F. 2017. Mediterranean countries’ food consumption and sourcing patterns: An Ecological Footprint viewpoint. Science of the Total Environment, 578, 383–391.
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