Início » Associações de toda a Europa apresentam barómetro ambiental do Parlamento Europeu
Uma análise feita por cinco das maiores organizações ambientalistas europeias revela que apenas uma minoria dos deputados do Parlamento Europeu agiu para proteger o clima e a natureza e para reduzir a poluição na União Europeia, durante o mandato de 2019 a 2024. Os dados são claros: a maioria dos eurodeputados agiu como procrastinador ou pensador pré-histórico, atrasando a ação necessária, votando de forma irregular e inconsistente ou, pior ainda, falhando completamente no apoio às iniciativas que visam fortalecer a capacidade da UE para enfrentar o desafio das diferentes crises que se lhe colocam no presente e no futuro. Esta análise será apresentada dia 15 de abril em Bruxelas e online, num evento que incluirá um debate com representantes dos principais grupos políticos.
Os benefícios para os cidadãos de uma transição socialmente justa para uma Europa com impacto neutro no clima, positiva para a natureza e com poluição zero são enormes e, nos últimos cinco anos, o Parlamento Europeu teve o poder e a oportunidade de atuar corajosamente para conduzir a União Europeia neste sentido.
Com a partilha desta informação, as organizações estão a fornecer a todos os europeus a possibilidade de responsabilizarem os seus representantes políticos pelo seu recente desempenho parlamentar e exigirem uma maior ambição do Parlamento Europeu nos próximos anos, dando força àqueles que apoiaram os valores defendidos pelos cidadãos.
A BirdLife Europe, a Climate Action Network Europe, o European Environmental Bureau, a Transport & Environment e o Gabinete de Política Europeia da WWF analisaram os registos de votação do Parlamento Europeu dos últimos cinco anos para fornecer aos cidadãos uma panorâmica interativa que classifica todos os partidos políticos nacionais e grupos parlamentares europeus com base no seu desempenho em termos de votação: o Barómetro do Parlamento Europeu.
O Barómetro do Parlamento Europeu, disponível aqui, analisa o voto individual de cada eurodeputado durante a legislatura de 2019-2024 e classifica-o em relação às recomendações de voto das cinco organizações ambientais europeias sobre 30 dossiers políticos, que incluem legislação fundamental em matéria de clima, natureza e poluição. Desta forma, é possível conhecer o compromisso de cada deputado e, em particular do grupo político em que se enquadra, com a sustentabilidade ambiental. O resultado máximo é de 100 pontos. Os resultados podem ser consultados:
Cada uma destas análises pode ainda ser feita para o conjunto dos 30 dossiers políticos analisados, para os 12 dossiers políticos centrados na transição com impacto neutro no clima e socialmente justa, para os 8 dossiers centrados numa Europa positiva para a natureza e para os 10 dossiers centrados na economia circular e na transição para a poluição zero.
Segundo os dados apurados, existe diversidade e nuances no seio dos grupos políticos e dos partidos nacionais e é possível encontrar protetores em todo o espectro político, com exceção da extrema-direita. As pontuações que se seguem são baseadas em valores agregados e a repartição completa de cada grupo, partido e voto pode ser consultada no Barómetro do Parlamento Europeu.
OS PROTETORES
OS PROCRASTINADORES
OS PENSADORES PRÉ-HISTÓRICOS
No caso dos eurodeputados portugueses, os dados indicam que os partidos que podem ser classificados como protetores são o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista. Entre os procrastinadores temos o Partido Comunista Português e entre os pensadores pré-históricos temos o Partido Social Democrata e Centro Democrático Social-Partido Popular.
OS PROTETORES
OS PROCRASTINADORES
OS PENSADORES PRÉ-HISTÓRICOS
Uma análise breve indica que, de entre os partidos portugueses que entram na categoria de protetores, o BE e o PS ficaram acima da média do seu grupo político na UE. O PCP surge abaixo da média do seu grupo político, obtendo apenas a classificação de procrastinador e destoando assim do seu grupo, que na média europeia se classifica como protetor. Entre os pensadores pré-históricos, o PSD está dentro da média do seu grupo (ligeiramente acima) e o CDS-PP está abaixo.
NOTA: O deputado Francisco Guerreiro, que foi eleito pelo PAN, mas que entretanto se tornou independente, é o único representante português no Grupo dos Verdes.
Francisco Guerreiro é, aliás, o eurodeputado português que mais se destaca na defesa das políticas ambientais em Bruxelas, com um resultado global de 99/100 pontos.
Contudo, foi uma decisão dos coordenadores desta iniciativa apresentar informação apenas sobre partidos e não sobre deputados independentes, pelo que o seu nome não é incluído. De qualquer modo, os resultados das suas votações foram integrados nos resultados globais do grupo europeu dos Verdes.
Ariel Brunner, Diretor da BirdLife Europe: “A natureza está a entrar em colapso e, se a deixarmos entrar em colapso, afundar-nos-emos com ela. A Europa já provou que é capaz de trazer de volta espécies à beira da extinção, limpar rios e proteger habitats preciosos. As sondagens de opinião mostram sistematicamente que os europeus se preocupam com a natureza e querem vê-la restaurada, a par da luta contra a crise climática, mas se isso acontece ou não depende das pessoas que escolhem para os representar no Parlamento Europeu.”
Faustine Bas–Defossez, Diretor para a Natureza, a Saúde e o Ambiente do European Environmental Bureau: “Nas próximas eleições europeias, os cidadãos de toda a Europa têm uma oportunidade crucial de orientar o nosso continente para um futuro que dê prioridade à saúde, seja livre de substâncias tóxicas e enfrente o desafio urgente da crise de poluição que enfrentamos. O Barómetro do Parlamento Europeu ajudará a descobrir quais os partidos políticos que defendem o Pacto Ecológico e dão prioridade ao bem-estar das pessoas e do planeta. É crucial que elejamos representantes empenhados em tomar medidas corajosas para uma Europa mais limpa e mais saudável para todos”.
William Todts, Diretor Executivo da Transport & Environment: “A UE é uma força do bem no que diz respeito à ação climática. Desde os automóveis não poluentes até aos impostos sobre o carbono para aviões e navios, a UE fez o que os governos nacionais não puderam ou não quiseram fazer. Em muitos países europeus, a proteção do ambiente seria muito reduzida sem a UE. Os resultados das eleições mostram que alguns partidos foram menos virados para o futuro, votando para manter artificialmente vivos os transportes e a energia sujos e poluentes. As eleições de junho vão determinar quem vai mandar na Europa até 2029. Não podemos dar o progresso por garantido”.
15 de abril, 13h-16h (hora de Lisboa)
Apresentação à imprensa dos resultados do Barómetro, seguida de debate com representantes dos principais grupos políticos europeus.
Inscrições: https://tinyurl.com/scoreboardlaunch
O evento decorrerá presencialmente no Press Club Brussels Europe, Rue Froissart 95, 1040 Bruxelles, Bélgica, com transmissão online em direto.
Notas adicionais:
1. O Barómetro do Parlamento Europeu – Scoreboard – estará disponível em português a partir de 15 de abril nas páginas web da SPEA e da ZERO, duas das organizações portuguesas envolvidas nesta campanha.
SPEA: https://www.spea.pt/campanhas/eleicoes-europeias
ZERO: https://zero.ong/barometro-do-parlamento-europeu/
2. Mais informação sobre o Barómetro, as suas conclusões principais, a metodologia e os dossiers políticos analisados podem ser acedidos através deste link: https://tinyurl.com/scoreboardreport
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