Início » Eleições europeias – ZERO apela aos cabeças de lista para defenderem o clima das suas terras natais
De Macau a Famalicão, passando por Santiago do Cacém, Lisboa, Montijo, Coimbra, Gaia e Amarante.
Num momento em que as greves estudantis estão a mobilizar milhares de jovens por todo o mundo contra a inação dos políticos face à emergência das alterações climáticas e na semana em que se inicia a campanha para as Eleições Europeias de maio, a ZERO apresenta um roteiro pelas cidades e regiões de proveniência dos cabeças-de-lista dos principais partidos políticos, identificando os impactos das alterações climáticas que já se fazem sentir e que se irão agravar se nada por feito.
Estamos em emergência climática e a ZERO apela aos cabeças-de-lista de todos os partidos políticos para colocarem o tema das alterações climáticas como prioridade de ação durante a campanha eleitoral e, se forem eleitos, no seu trabalho como futuros deputados do Parlamento Europeu, para os próximos cinco anos. Eis alguns exemplos:
Paulo Sande, Partido Aliança, natural de Macau
O território de Macau, localizado no Sudeste Asiático, tem sido afetado por eventos extremos cada vez mais frequentes, como furacões e tempestades tropicaisoriginados pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Em 2018, os ventos fortes e inundações do super-tufão Mangkhut levaram a prejuízos no valor de 171 milhões de euros e 40 feridos, na sua passagem por Macau. No ano anterior, o tufão Hato (considerado o pior nos últimos 53 anos), causou dez mortos, e prejuízos avaliados em 1,3 mil milhões de euros, onde 29% da área total da cidade de Macau ficou inundada. Paulo Sande também viveu parte da sua vida em Moçambique que foi afetado nos últimos meses por dois eventos extremos, com elevados prejuízos materiais e humanos: os ciclones Idai (considerado uma das piores tempestades de sempre no Hemisfério Sul) e Kenneth.
Francisco Guerreiro, Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), natural de Santiago do Cacém
Santiago do Cacém abrange uma das zonas lagunares mais importantes do país e que abriga uma grande variedade de fauna e flora (a zona protegida das Lagoas de Santo André e da Sancha), que se encontra sob ameaça da erosão costeira e o aumento do nível médio das águas do mar. Um outro aspeto relevante deste concelho é a proximidade da central a carvão de Sines, a instalação com maiores emissões de gases de efeito de estufa em Portugal e que requer um encerramento urgente com substituição da sua produção por eletricidade a partir de fontes renováveis.
Pedro Marques, Partido Socialista (PS), natural do Montijo
Perante as previsões que apontam para a subida do nível médio das águas do marde aproximadamente um metro e dez centímetros até ao final do século devido ao efeito das alterações climáticas, o Montijo é uma área suscetível para a ocorrência de inundações e cheiastal como sucedeu recentemente em 2014. Por outro lado, ano após ano, a bacia hidrográfica do Tejo está a ser particularmente afetada por secas severas, e até extremas, devido às alterações climáticas. A redução dos caudais do rio Tejo é agravada pela retenção de águas em albufeiras e açudes. O Montijo também tem estado no centro da discussão sobre o projeto de implantação do novo aeroporto sendo a aviação o modo de transporte que apresenta o aumento mais significativo de emissões de gases com efeito de estufa em Portugal e no mundo.
João Ferreira, Coligação Democrática Unitária (CDU), natural de Lisboa;
Rui Tavares, Partido Livre, natural de Lisboa
Em Lisboa, já se fazem sentir fenómenos meteorológicos que estão relacionados com as alterações climáticas, como temperaturas elevadas, ventos fortes, precipitação intensa, ondas de frio e de calor. No inverno, o risco de inundaçõesdevido a precipitação intensa em períodos curtos, como ocorreram na baixa da cidade em 2014 e 2018, pode mais do que triplicar até meados do século. A elevada impermeabilização do solo e insuficiente rede de drenagem de águas pluviais são fatores que contribuem para os prejuízos causados. Já no verão, prevê-se que o risco de ocorrência de ondas de calor(com um maior número de dias com temperaturas acima da média), como aconteceu em 2018, triplique dentro de três décadas, afetando sobretudo as populações mais vulneráveis como crianças e jovens.
Marisa Matias, Bloco de Esquerda (BE), natural de Coimbra
Portugal é o país europeu mais afetado por incêndios florestais, com o maior número de ocorrências e mais área ardida. Coimbra foi o distrito do país mais afetado pelos incêndios florestais de 2017, em termos de área ardida. Na região, as alterações climáticas, aliadas ao abandono da agricultura e más práticas de gestão florestal, estão a aumentar a frequência e gravidade dos incêndios, incluindo a sua distribuição ao longo do ano, com os meses de maior risco a estenderem-se de maio a novembro. As alterações climáticas também afetam este distrito durante os meses de inverno, com a ocorrência de cheias temporárias no rio Mondego e inundações rápidas em várias zonas ribeirinhas, como aconteceu em janeiro de 2016.
Paulo Rangel, Partido Social Democrata (PSD), natural de Vila Nova de Gaia
Sendo um dos concelhos com maior número de praias de qualidade, toda a zona litoral de Gaia é afetada pela erosãoque se agrava todos os anos, como são exemplo as praias da Granja e Valadares onde a diminuição dos sedimentos transportados pelo mar são bem evidentes, ampliada pela retenção de areias nas barragens do rio Douro, mais a norte. As alterações climáticas estão a alterar os períodos de cheias do rio Douro, que estão a acontecer mais cedo do que o que acontecida na década de 1960. A antecipação da precipitação e tempestades de inverno levam ao aumento do risco de cheias e inundações, com prejuízos para as populações ribeirinhas de Gaia e Porto, como aconteceu em 2001 e 2016. As alterações climáticas estão também a alterar a região do Douro, onde Gaia se insere, com prejuízos para as atividades económicas(como a vitivinicultura, sector onde as vinhas poderão ser deslocadas para zonas mais elevadas e onde é necessário apostar em castas mais resilientes à falta de água e ao aumento da temperatura).
António Marinho e Pinto, Partido Democrático Republicano (PDR), natural de Amarante
A cidade de Amarante está a jusante da chamada “Cascata do Tâmega”, um conjunto de cinco barragens com significativos impactes ambientais e onde a redução da precipitaçãoirá afetar a sua produtividade e pôr em causa a sua razão de existir. Todas as barragens estão em fase de construção, à exceção de Fridão cujo projeto foi recentemente cancelado pelo Governo. Como outras cidades localizadas na zona ribeirinha do rio Douro e seus afluentes, Amarante está também exposta ao risco de cheias e inundaçõessobretudo nos meses de Inverno, como aconteceu em 2016.
Nuno Melo, CDS-Partido Popular (CDS), natural de Vila Nova de Famalicão
A região do Ave, onde Vila Nova de Famalicão se insere, insere-se num território fortemente urbanizado e industrializado. A perda da floresta autóctone, aliada ao cenário de mudanças climáticas, com previsões que apontam para uma forte subida de temperatura, poderá conduzir a um aumento significativo do risco de incêndio, prolongamento da época de incêndios, bem como aumento da sua dimensão e gravidade nas próximas décadas, com impacto também ao nível da erosão dos solos e perda de produtividade dos solos.
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