Início » Energia renovável eólica offshore: associações ambientalistas saúdam ajustes, mas defendem mais garantias ambientais e transparência
A versão final do Plano de Afetação para as Energias Renováveis Offshore (PAER) introduziu alguns ajustamentos positivos, como a exclusão de áreas ambientalmente sensíveis. O passo seguinte e essencial será a inclusão de critérios ambientais e sociais robustos no futuro leilão, um maior envolvimento da sociedade civil e uma monitorização rigorosa dos impactos no oceano e nas comunidades costeiras.
As Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA) ANP|WWF, Sciaena, SPEA e ZERO reconhecem algumas melhorias introduzidas na versão final do Plano de Afetação para as Energias Renováveis Offshore (PAER), aprovado este mês em Resolução do Conselho de Ministros n.º 19/2025, publicada a 7 de fevereiro. No entanto, as ONGA alertam que este é apenas um primeiro passo e que são necessários compromissos adicionais para garantir que a expansão da energia eólica offshore não compromete a biodiversidade e os usos existentes do mar.
Ao longo do processo de definição de áreas para a aceleração da implantação das energias renováveis no mar e que contaram com diferentes consultas públicas, as ONGA levantaram preocupações sobre a necessidade de excluir áreas ambientalmente sensíveis (como áreas protegidas e corredores migratórios), de melhorar a fundamentação científica das decisões e de assegurar uma maior transparência e envolvimento das partes interessadas no processo. Algumas dessas preocupações foram incorporadas nesta versão final do PAER, nomeadamente a exclusão da área da Ericeira, reduzindo o potencial impacto sobre ecossistemas marinhos vulneráveis. Estas alterações refletem uma maior consideração pelas recomendações da sociedade civil, mas ainda persistem lacunas que exigem atenção.
A reconfiguração da área de Viana do Castelo foi positiva ao reduzir a sua extensão e ao alterar os seus limites, tornando-os mais paralelos à linha de costa. No entanto, este ajuste poderia ter sido mais significativo na zona leste, afastando a área pelo menos 10 milhas da costa, conforme recomendado pelas ONGA de forma a reduzir o impacto na biodiversidade evitando o efeito de estrangulamento que é agravado pela proximidade de outra área de implantação de energia renovável offshore na Galiza.
As ONGA saúdam o reconhecimento de que as aves marinhas estão entre os grupos mais afetados pelos futuros parques eólicos offshore. No entanto, continua a faltar a integração do mapeamento de sensibilidade realizado em Portugal pela SPEA e CeC3 para as espécies que ocorrem nas nossas águas, ferramenta essencial para garantir uma avaliação mais precisa dos impactos. A mitigação dos efeitos da energia eólica no mar deve ser baseada na melhor ciência disponível, garantindo que os riscos são devidamente minimizados e que não é colocado em causa o Bom Estado Ambiental dos ecossistemas marinhos.
Apesar das melhorias, subsistem preocupações sobre a ausência de estudos robustos sobre as implicações ambientais e socioeconómicas da implantação da energia eólica offshore a esta escala. Torna-se fundamental que os futuros leilões não incorporem exclusivamente critérios económicos, incluindo também critérios ecológicos e sociais, de forma a assegurar padrões elevados de sustentabilidade. A aplicação de uma hierarquia de mitigação clara e bem definida priorizando primeiro a prevenção, depois a redução e, em última instância, a compensação, deve ser um requisito obrigatório.
Em comunicações passadas, as organizações tinham já alertado para a necessidade de processos mais inclusivos e transparentes. Este processo confirmou a importância de uma participação equitativa das ONG e da sociedade civil, desde as fases iniciais de planeamento. O mar é um espaço de múltiplos usos, e as decisões sobre o seu ordenamento devem garantir um equilíbrio entre a produção de energia renovável, a proteção da biodiversidade e a salvaguarda dos direitos das comunidades locais e setores tradicionais. No futuro, será essencial planear cuidadosamente o desenho dos parques eólicos, assim como garantir um acompanhamento contínuo dos impactos através de planos de monitorização sólidos e rigorosos, garantindo a preservação de habitats, a redução da perturbação em espécies sensíveis e a manutenção dos ecossistemas marinhos.
A escolha das zonas de ligação em terra, que não está contemplada neste plano, será outro elemento crítico do desenvolvimento da energia eólica offshore, devendo seguir os mesmos princípios de precaução, avaliando cuidadosamente os impactos ambientais e sociais.
A ANP|WWF, a Sciaena, a SPEA e a ZERO reafirmam a necessidade de uma abordagem mais rigorosa e abrangente na implantação da energia eólica offshore em Portugal. A transição energética é uma necessidade incontornável nos esforços para combater os efeitos das alterações climáticas, mas deve ser conduzida de forma responsável, assegurando que os benefícios da descarbonização não resultam na degradação da biodiversidade nem na marginalização das atividades tradicionais do mar. Com a garantia de que continuarão a acompanhar este processo defendendo uma visão de sustentabilidade que integre todas as dimensões – ambiental, social e económica – de forma equilibrada e transparente, as organizações reiteram a sua disponibilidade para colaborar na definição de critérios sociais e ecológicos, monitorização e planos de compensação eficazes para os projetos que venham a ser implementados, garantindo que medidas concretas são aplicadas para mitigar impactos negativos.
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