Início » Estudo europeu identifica a presença no corpo humano de 18 a 23 substâncias químicas perigosas entre 28 analisadas
São hoje divulgados os resultados de um estudo realizado em 5 países, entre eles Portugal, para avaliar a presença no corpo humano, de substâncias químicas potencialmente perigosas, em resultado da nossa utilização quotidiana de embalagens, em particular as embalagens alimentares.
Os resultados são claros: das 28 substâncias químicas analisadas, em cada uma das amostras foram encontradas entre 18 e 23 substâncias. A variação entre países não foi muito significativa, o que indica que o contacto quotidiano com estas substâncias acontece um pouco por toda a Europa, sendo transversal à geografia, profissão, idade, entre outras variáveis.
Para a pesquisa foram usadas amostras de urina para avaliar a presença de alguns dos químicos que podem ser encontrados em embalagens alimentares descartáveis, em particular as de plástico – ftalatos (17) e fenóis (11) – que têm sido associados por cientistas a doenças como o cancro ou às doenças cardiovasculares, bem como a impactos negativos nos sistemas reprodutivo e imunitário.
Estas substâncias são muitas vezes adicionadas a embalagens de plástico como aditivos para lhe dar determinadas características: maior estabilidade à luz ou ao calor, maior flexibilidade, diferentes cores, etc.
Este projeto resultou de uma parceria no seio da rede da Zero Waste Europe que envolveu cinco dos seus membros e incluiu participantes da Bélgica, Bulgária, Letónia, Portugal, Eslovénia e Espanha. Os 52 participantes incluíram decisores políticos, artistas, investigadores, ativistas, atores/atrizes, jornalistas.
Em Portugal as personalidades que participaram foram:
– André Silva: deputado
– Carla Tomás: jornalista
– Fernando Alves: jornalista
– Francisco Ferreira: professor universitário e Presidente da ZERO
– José Sá Fernandes: Vereador da Câmara Municipal de Lisboa
– Júlia Seixas: professora universitária
– Luísa Schmidt: investigadora
– Raquel Gaspar: ativista
– Ricardo Paes Mamede: professor universitário
– Sandra Cóias: atriz e influencer
“Estes resultados são mais uma prova de como as embalagens e os produtos que consumimos e usamos quotidianamente, introduzem substâncias químicas estranhas ao nosso corpo, que a ciência tem vindo a demonstrar serem potenciais riscos para a nossa saúde e para o ambiente. É urgente reduzir o uso de opções descartáveis e apostar em materiais seguros e circulares”, refere Susana Fonseca, da Direção da ZERO.
Objetivos do projeto
Com este projeto as ONG envolvidas pretendem chamar a atenção para os potenciais problemas para a saúde humana decorrentes do atual modelo de produção e consumo, apelando a que:
1. Os decisores políticos deem prioridade ao tema dos impactos na saúde das embalagens de plástico e que avancem rapidamente para uma significativa reformulação da legislação aplicável aos materiais para contacto com os alimentos.
2. Os retalhistas e as marcas mudem para alternativas mais seguras e reutilizáveis, reduzindo o uso do descartável.
3. Os consumidores façam escolhas mais saudáveis e exijam a disponibilização de alternativas mais seguras às marcas e aos retalhistas, enquanto aguardamos por nova legislação.
O contexto
Em março deste ano, um grupo alargado de cientistas de renome, divulgaram um “Consensus Statement” que alertava para os milhares de substâncias químicas usadas em embalagens alimentares e noutros materiais para contacto com alimentos. Este documento sublinhava que, dada a capacidade de muitas destas substâncias químicas (muitas das quais perigosas) migrarem das embalagens e outros materiais, para os alimentos, o seu uso continuado dever ser entendido como um risco para a saúde humana.
No seguimento deste documento, mais de 230 ONG de todo o mundo (entre elas a ZERO), assinaram um documento onde expressavam a sua preocupação com esta situação e apelavam aos decisores políticos para tomarem ações urgentes.
Também no início deste ano, a Comissão Europeia comprometeu-se a propor a revisão da legislação sobre os materiais para contacto com os alimentos até ao final de 2022.
A legislação existente é antiga, insuficiente e desadequada, sendo reconhecido por muitos que não está a cumprir o seu objetivo de proteger a saúde humana.
Link do projeto: https://zerowasteeurope.eu/plastics-in-the-spotlight/
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