Início » Hidrogénio verde e amónia são futuro da navegação – ambientalistas e empresas de acordo
ZERO quer Portugal a defender este caminho e como pioneiro na implementação da tecnologia.
Na Europa, o transporte marítimo é responsável por cerca de 13% das emissões de gases de efeito estufa no sector dos transportes.
A União Europeia (UE) deve promover o uso de hidrogénio verde e amónia por navios na legislação que tem em preparação sobre combustíveis marítimos. Esta é a mensagem que os ambientalistas e principais agentes da indústria naval fizeram chegar à Comissão Europeia, que irá lançar a iniciativa marítima FuelEU em abril. Esta iniciativa visa aumentar o uso de combustíveis alternativos mais sustentáveis na navegação e nos portos europeus.
Numa carta* enviada hoje ao Vice-Presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, e a três Comissários, a Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), de que a ZERO faz parte, e várias empresas de navegação e comércio marítimo (incluindo a DFDS, a CMB, a Viking Cruises e a Trafigura), apontam o hidrogénio verde e a amónia como combustíveis sustentáveis na navegação e passíveis de serem produzidos em quantidades suficientes para a descarbonizar.
Por outro lado, na mesma carta, os subscritores declaram que os biocombustíveis não oferecem uma alternativa sustentável para o transporte marítimo, já que os biocombustíveis tradicionais têm mais emissões implícitas que os combustíveis fósseis, e os avançados, que poderão fazer reduzir as emissões, não terão produção em quantidade suficiente. Por isso, a UE na iniciativa FuelEU, em lugar de promover o uso de biocombustíveis, deve enviar um sinal claro aos potenciais investidores para se concentrarem em hidrogénio e amónia baseados em eletricidade renovável.
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente é clara na sua posição: “O hidrogénio verde e a amónia oferecem um futuro limpo para o setor do transporte marítimo. A UE deve por isso proporcionar à indústria marítima a confiança necessária para os investimentos requeridos, exigindo aos operadores marítimos do comércio europeu esta mudança progressiva”.
Mundialmente, serão necessários 1,4 biliões de euros em investimentos para produzir hidrogénio verde e amónia para a indústria naval em quantidade suficiente**. A Comissão Europeia deve aproveitar esta oportunidade para criar novos empregos e apoiar um crescimento económico sustentável em linha com o Pacto Ecológico Europeu.
Ao contrário dos biocombustíveis avançados, o hidrogénio verde e a amónia podem ser escalados para atender progressivamente à procura de energia da indústria marítima global, e mesmo os maiores navios podem ser movidos por estes combustíveis. É chegada a hora da Comissão Europeia mudar o enfoque nos biocombustíveis ‘rápidos e sujos’ para alternativas verdadeiramente sustentáveis.
O hidrogénio verde e a amónia são a solução que se divisa, pois representam uma propulsão zero em carbono e podem ser produzidos em quantidades virtualmente ilimitadas. Atualmente ambos são muito caros em comparação com os combustíveis fósseis, mas os custos de produção reduzir-se-ão com economias de escala. Para justificar grandes investimentos em eletrolisadores para produzir hidrogénio verde e em produção de amónia pela indústria, a política europeia de combustíveis marítimos deve enviar um sinal claro aos investidores sobre a procura destes combustíveis no futuro, fazendo-os concentrar neles e nas respetivas tecnologias de propulsão.
Francisco Ferreira, Presidente da ZERO, defende que “a produção de hidrogénio verde e de amónia em Portugal para descarbonizar a grande movimentação portuária do nosso país, aliada à adaptação ou construção de navios movidos a estes combustíveis, deve estar na frente das prioridades da implementação da nossa Estratégia Nacional de Hidrogénio”.
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