Início » O que fazemos » Comunicados de imprensa » Novo açude no Tejo promove um modelo agrícola insustentável e compromete sustentabilidade hídrica
A ZERO manifestou a sua forte oposição ao projeto de Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste, cuja consulta pública terminou na passada sexta-feira, 28 de fevereiro.
Após uma análise detalhada ao estudo em consulta pública, a ZERO considera que a construção de um novo açude no Tejo, entre Vila Nova da Barquinha e Constância representa um grave erro estratégico. O projeto promove um modelo agrícola insustentável, favorecendo a agricultura intensiva com alto consumo de água e apresenta impactos ambientais, sociais e económicos inaceitáveis. Além disso, não explora alternativas verdadeiramente sustentáveis para a região.
A viabilidade económica de um investimento de 1,3 mil milhões de euros, o que equivale a um custo de 30 305 €/ha beneficiado, é altamente questionável. O projeto assenta em pressupostos frágeis, sem um plano de financiamento claro e com riscos elevados associados:
Este projeto segue a lógica do modelo adotado em Alqueva, baseado na monocultura intensiva, sem atender às necessidades nacionais de autoaprovisionamento e promovendo a sobre-exploração dos recursos hídricos, com consequências ambientais e sociais gravíssimas. A intensificação agrícola promovida pelo projeto aumentará a dependência de culturas de elevado consumo de água, agravando os riscos de escassez de água nas regiões abrangidas e comprometendo a qualidade dos recursos hídricos, dos solos e a biodiversidade.
Além disso, o projeto poderá acentuar a concentração da posse e exploração dos solos e da água, enquanto precariza ainda mais as condições de trabalho no setor agrícola, acentuando desigualdades sociais.
O incentivo a este modelo agrícola desconsidera a necessidade de adaptar a agricultura às realidades climáticas e aos desafios ambientais do futuro. O estudo falha em considerar alternativas viáveis e mais sustentáveis, como sistemas agrícolas regenerativos e sistemas de regadio mais eficientes e adaptáveis.
A construção do açude prejudicará a conectividade fluvial, colocando em risco espécies piscícolas migradoras como a lampreia-do-mar (Petromyzon marinus) e o sável (Alosa alosa), além de favorecer a proliferação de espécies invasoras.
Os Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) indicam que grande parte das massas de água existentes na Região Hidrográfica do Tejo e Oeste já apresenta um estado ecológico “medíocre” ou “razoável”. Qualquer agravamento da poluição difusa ou da escassez hídrica dificultará ainda mais o cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito da Diretiva Quadro da Água (DQA), que exige a recuperação e proteção das massas de água para alcançar um bom estado ecológico. A agricultura já é uma das principais fontes de poluição difusa na região, e a expansão da área de regadio, associada ao aumento da carga de nutrientes como azoto e fósforo, favorecerá e intensificará episódios de eutrofização, prejudicando a biodiversidade aquática e comprometendo a qualidade da água para outros usos.
A ZERO tem vindo a defender um conjunto de soluções alternativas para a gestão dos recursos hídricos e para a exploração agrícola com vista a garantir a sustentabilidade hídrica, como i) a promoção de regimes de caudais ecológicos ii) agricultura urbana e periurbana abastecida por águas residuais tratadas e águas pluviais captadas; iii) agricultura regenerativa através de paisagens de retenção de água, valorizando das funções da Reserva Ecológica Nacional (REN) e iii) práticas agrícolas de sequeiro apoiadas por regadio eficiente.
Perante os riscos e impactes identificados, a ZERO considera que este projeto representa um grave retrocesso na gestão sustentável dos recursos hídricos e apela às autoridades competentes para que repensem a estratégia de desenvolvimento agrícola para o Vale do Tejo e Oeste, optando por soluções alinhadas com a preservação ambiental e a resiliência climática.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |