Início » Política agrícola nacional tem fraca ambição e não cumpre metas europeias para a Agricultura Biológica
Ministério da Agricultura sucumbe mais uma vez agricultura industrial insustentável.
A ZERO interrogou o Ministério da Agricultura quanto às suas ambições para o incremento da Agricultura Biológica (AB) e para a aplicação da nova Política Agrícola Comum (PAC) em Portugal e, do que se pôde depreender das intenções manifestadas pelo Governo, os apoios públicos continuarão a ser alocados para grandes grupos económicos e grandes proprietários rurais, secundarizando as necessidades do mundo rural e dos agricultores e mantendo uma trajetória de baixa ambição que vai consolidar os sistemas agroalimentares insustentáveis que hoje dominam a agricultura portuguesa.
Agricultura Biológica continua desapoiada e sem ambição
Pese embora o Observatório Nacional da Produção Biológica considere importante a revisão antecipada da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica (ENAB) já para este ano de 2021, com vista a criar não só um alinhamento desta estratégia com as desenhadas no plano europeu, nomeadamente a Estratégia do Prado ao Prato e a Estratégia para a Biodiversidade, assim como com os objetivos da PAC, a verdade é que a mesma está ainda por fazer. Para além disso, o Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) já descartou a meta europeia que estabelece a ambição de atingir 25% da superfície agrícola utilizável dedicada à AB até 2030, assumindo um objetivo de apenas 12%, ou seja, menos de metade.
Também pouco animadoras são as medidas em discussão para o PEPAC, dando nova vida a formas de apoio largamente inconsequentes, ou mesmo nefastos, que podem retirar fundos à AB, como é o caso da proposta para um Eco-Regime “Produção Agrícola Sustentável”, o qual poderá tornar-se semelhante ao apoio ao Modo de Produção Integrada do PDR 2020 que veio a beneficiar amplamente a produção industrial de monoculturas sem garantias de adoção de práticas integralmente sustentáveis. Por outro lado estão omissas medidas que liguem a AB aos seus princípios[1], para que não seja reduzida apenas a um modo de produção, mas sim uma abordagem integrada que inclui aspetos sociais.
Um passo em falso na preparação do PEPAC nacional
Por outro lado, o GPP interpreta as metas da Estratégia do Prado ao Prato e da Estratégia para a Biodiversidade como meramente indicativas, afirmando que as “recomendações não são juridicamente vinculativas em si mesmas”. É verdade que os PEPAC dependerão da articulação entre a Comissão Europeia e os Estados Membros, não tendo estas metas um carácter regulamentar, no entanto, o distanciamento do Ministério da Agricultura face a metas ambiciosas demonstra um alinhamento com o discurso dos principais beneficiários das prévias concretizações da PAC no território nacional – o agronegócio e os grandes proprietários rurais que promovem uma agricultura industrial insustentável – retirando o foco da emergência climática e do colapso ecológico, cuja urgência de intervenção justificaria a mais alta ambição nas metas ambientais.
Pode um mesmo programa ter resultados diferentes?
O GPP apresentou recentemente um conjunto de medidas para o PEPAC 2023-27 que, apesar de não estarem totalmente definidas, revelam um programa em quase tudo semelhante ao PDR 2020. Tendo em conta os ambíguos resultados ambientais, a imensa iniquidade na atribuição dos apoios e a necessidade de uma transição ecológica dos agroecossistemas, a manutenção dos traços do programa anterior é revelador de uma inércia inadmissível e de um soçobrar perante os enormes interesses que se posicionam para aceder a parcelas muito significativas de fundos públicos e que não estão dispostos a fazer uma transição agroecológica[2].
Nesse sentido, A ZERO define desde já as “linhas vermelhas” que o PEPAC nacional deve considerar:
[1] International Federation of Organic Agriculture Movements – https://www.ifoam.bio/why-organic/shaping-agriculture/four-principles-organic
[2] Agroecologia segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura): http://www.fao.org/agroecology/overview/en/
[3] Associações para a Manutenção da Agricultura de Proximidade
[4] Community Supported Agriculture (Agricultura Apoiada na Comunidade)
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