Início » O que fazemos » Comunicados de imprensa » Reduzir emissões em Portugal permite poupança de 16 mil milhões de euros
A adoção de uma trajetória compatível com o Acordo de Paris, ou seja, um aquecimento global não superior a 1,5°C, poderá poupar à União Europeia (UE) pelo menos um bilião de euros até 2030, o equivalente a cerca de quatro vezes o PIB português. Esta é uma das conclusões do novo relatório elaborado no âmbito do projeto LIFE Together 1.5, cujo consórcio é integrado pela ZERO. O estudo refere ainda um perigoso fosso entre essa trajetória e a trajetória em que as políticas públicas atuais estão a colocar a UE, algo que, no entender da ZERO, deveria estar no centro do debate político das eleições europeias este ano. O estudo permite afirmar que o combate à crise climática é imperativo não só por motivos de viabilidade climática, mas também por motivos económicos.
Por isso, a ZERO e as suas organizações parceiras de consórcio entendem que proteger os cidadãos e o planeta dos impactos devastadores das alterações climáticas não é apenas um dever moral, mas uma escolha pragmática. A ação climática contribui para o bem-estar social e é simultaneamente uma fonte de benefícios económicos. Não há lugar a hesitações: uma ação climática ousada e acelerada é o único caminho a seguir para melhorar a vida das todos e reduzir o custo de vida.
O relatório quantifica os benefícios em termos de saúde, emprego, custo de vida, bem-estar, segurança energética e recursos proporcionados por uma ação climática alinhada com a trajetória de 1,5°C, ou seja, uma redução das emissões na UE em termos absolutos de, pelo menos, 65% até 2030, em comparação com o objetivo atual de 55-57%. A conclusão inequívoca é de que os benefícios superam largamente os custos, apresentando um argumento económico retumbante a favor de uma transição abrangente, argumento esse que deveria convencer os decisores políticos mais céticos.
O estudo mostra que tornar as emissões em Portugal compatíveis com o 1,5°C traria mais de 16 mil milhões de euros de benefícios económicos ao país até 2030 e evitaria mais de 1.300 mortes prematuras todos os anos.
Em Portugal, há um sector crítico que tem vindo a aumentar as suas emissões, indo na trajetória oposta ao cumprimento das metas estabelecidas nos planos nacionais, representando todos os anos uma maior percentagem das emissões nacionais – o dos transportes. De acordo com os últimos dados apresentados à UNFCCC, o sector dos transportes foi responsável por quase um terço das emissões de gases de efeitos de estufa no país em 2021, com consequências importantes na qualidade do ar, ruído e saúde pública.
Embora o objetivo de redução das emissões de gases de efeito de estufa em toda a economia ainda não esteja alinhado com o 1,5 °C do Acordo de Paris e existam outros setores com emissões que também necessitam de especial atenção, dada a representatividade do setor dos transportes é prioritário reunir um conjunto de medidas eficazes e colocá-las em prática neste sector. A ZERO tem apontado várias.
Os Ministros do Ambiente dos Estados-Membros reúnem-se esta segunda-feira, dia 15, em Bruxelas para debater a necessidade de aumentar a ambição climática na Europa, incluindo um novo objetivo de redução das emissões para 2040. Estas são as principais conclusões que os ministros devem ter em conta nas suas deliberações:
No meio de numerosas oportunidades para retificar o rumo das ações no decorrer deste ano, uma área em que os decisores políticos nacionais podem ser determinantes é na finalização dos Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC), que definem as políticas dos Estados Membros em matéria de clima e energia até 2030. Simultaneamente, estão em curso discussões sobre um objetivo climático consolidado da UE para 2040.
A ZERO faz um apelo particular ao Ministro do Ambiente e da Ação Climática de Portugal, Duarte Cordeiro, para dar prioridade a uma ação climática verdadeiramente progressista, alinhada com a ciência, a economia e os impactos sociais. Uma implementação eficaz e inabalável dos objetivos climáticos e energéticos, a par de um caminho compatível com 1,5°C, não é apenas prudente, mas a única via viável, justa e economicamente sensata.
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