Início » Transporte Sustentável: a peça em falta para cidades com melhor qualidade de vida e deslocações mais rápidas
No Dia Mundial do Transporte Sustentável, que hoje se assinala, a ZERO recorda que este modelo de mobilidade é essencial, não apenas para reduzir emissões e combater as alterações climáticas, mas também para melhorar de forma decisiva a qualidade de vida dos cidadãos. Neste âmbito, a ZERO acompanhou, esta manhã, a Associação de Moradores e Amigos da Freguesia de Santa Maria Maior na entrega da petição “Baixa de Lisboa com menos trânsito e melhor qualidade do ar”, subscrita por mais de 900 cidadãos, apelando a medidas urgentes por parte da Câmara de Lisboa – fotos disponíveis aqui. Um sistema de transporte sustentável permite deslocações mais rápidas e acessíveis, com menores custos para os cidadãos, ambiente e território.
Para a ZERO, a promoção da mobilidade sustentável em meio urbano é essencial para garantir sustentabilidade ambiental, económica e social, assentando numa mobilidade menos poluente, energeticamente eficiente e mais económica, proporcionando melhor qualidade de vida e cidades mais saudáveis e confortáveis. Neste modelo, os protagonistas são transportes públicos – regulares ou flexíveis eletrificados –, a mobilidade ativa a pé e de bicicleta, e uma distribuição de mercadorias racionalizada, eletrificada e coordenada entre operadoras. Este modelo contrasta com o paradigma ainda dominante assente no automóvel particular – em 2022, últimos dados disponíveis, 88% das deslocações dos portugueses foram realizadas em carro particular – responsável por congestionamento, poluição e elevados custos sociais e económicos para o Estado e cidadãos. Por outro lado, em 2023, apenas 0,4% do transporte rodoviário de mercadorias, no território nacional, era elétrico.
Atualmente, o tráfego rodoviário é a principal origem de poluição do ar, responsável por 6.000 mortes prematuras por ano só em Portugal, associado a doenças como asma, doenças cardíacas, AVC e diabetes. É também uma das principais causas de ruído, que para além do incómodo, é uma ameaça real à saúde pública, provocando alterações hormonais, inflamação e estando relacionado com doenças cardíacas, AVC, diabetes, ansiedade e depressão.
Por outro lado, a promoção da mobilidade ativa, como caminhar e pedalar, traz benefícios claros para o bem-estar e saúde, ajudando a combater o sedentarismo que tem níveis preocupantes em Portugal. Além disso, o atual modelo assente no automóvel particular representa um elevado custo económico para as famílias, enquanto soluções sustentáveis permitem deslocações mais acessíveis. Por fim, um modelo de transporte sustentável em transporte público é a uma maneira de combater o trânsito excessivo, pois reduz o número de veículos em circulação. Um estudo da ZERO revelou que o transporte público e a mobilidade ativa poderiam ter tempos de viagem bastante reduzidos e competitivos nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto com a implementação de corredores exclusivos para transporte público e vias pedonais e cicláveis de qualidade.
As nossas cidades foram desenhadas e adaptadas sobretudo para o automóvel: na Europa, mais de 50% do espaço público urbano é ocupado pelo automóvel privado em trânsito ou em estacionamento, e nas cidades portuguesas algumas ruas chegam aos 80%. Esta distribuição cria uma competição feroz pelo espaço urbano com consequências visíveis: passeios estreitos e inseguros; falta de ciclovias seguras; faixas exclusivas para BUS insuficientes, que deixam os autocarros presos no trânsito, e aumentam os tempos de transporte; ausência de árvores e zonas verdes – essenciais para o bem-estar, para arrefecer as ruas no verão e atenuar os efeitos das ondas de calor cada vez mais frequentes. Este modelo compromete a vitalidade urbana: ruas menos atrativas para o comércio local, crianças que não brincam na rua e idosos mais isolados, porque não há espaço público para estar e conviver. O transporte sustentável é, por isso, também uma forma de devolver a cidade às pessoas, criando espaços urbanos mais seguros, vivos e saudáveis.
Em Portugal, os transportes continuam a liderar as emissões, sendo responsáveis por 34% das emissões de CO₂ em Portugal em 2023 e o transporte rodoviário tem o maior peso. Dados da Direção-Geral de Energia e Geologia do início deste ano mostram que o consumo de combustíveis fósseis rodoviários manteve-se praticamente constante em relação ao ano passado, com uma variação de -0,3%. Segundo os cálculos realizados pela ZERO, as emissões rodoviárias em janeiro de 2025 estavam cerca de 45% acima da meta prevista para 2030 no Plano Nacional de Energia e Clima, sendo que será necessária uma redução de 7% ao ano para garantir o cumprimento do plano. Sem um modelo de transporte sustentável, será impossível cumprir os objetivos climáticos do país, assim como atingir a neutralidade climática pelo menos em 2045 e evitar o aquecimento global descontrolado.
As câmaras municipais desempenham um papel fundamental, pois são estas que podem criar infraestruturas-chave tais como ciclovias, passeios mais adequados ou faixas exclusivas para BUS; por outro lado, apenas as câmaras podem determinar os condicionamentos de trânsito e estacionamento, que irão devolver espaço público para outros usos. Estas medidas já estão presentes no Plano Metropolitano de Mobilidade Urbana Sustentável da Área Metropolitana de Lisboa (AML), faltando agora o da Área Metropolitana do Porto e do Algarve. Os municípios pertencentes à AML têm agora que elaborar e implementar os seus Planos de Mobilidade Urbana Sustentável, em coerência com o Plano Metropolitano, uma vez que o financiamento para a mobilidade poderá ser em breve, fortemente condicionado na ausência de uma abordagem sustentável à mobilidade.
Lisboa deve servir de exemplo: mais de 900 cidadãos subscrevem a petição Baixa de Lisboa com menos trânsito e melhor qualidade do ar, mostrando que a população exige ações concretas. A ZERO apela à Câmara Municipal de Lisboa e à Assembleia Municipal para que respondam a estas preocupações e assumam o transporte sustentável como uma prioridade política e urbana.
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