Início » ZERO alerta para a necessidade de acelerar a implementação da nova Diretiva Europeia para as Águas Residuais Urbanas
No Dia Mundial da Água, que hoje se assinala, a ZERO alerta para os desafios que Portugal enfrenta com a nova Diretiva para as Águas Residuais Urbanas (DARU), recentemente aprovada pela União Europeia. Este novo quadro legal impõe exigências reforçadas na gestão, recolha e tratamento das águas residuais urbanas, exigindo uma abordagem integrada e sustentável com o objetivo de melhorar a qualidade das águas residuais tratadas e promover a sua reutilização e, para além disso, mitigar os impactes dos micropoluentes.
A transposição da nova DARU para a legislação nacional deve ser concluída num prazo de 30 meses, mas, historicamente, Portugal tem demonstrado atrasos significativos na transposição correta e atempada de diretivas europeias. A ausência de um plano concreto e adequado pode resultar em sanções e penalizações, além de comprometer a qualidade da água e a resiliência hídrica do país pelo que, a coordenação entre entidades nacionais, regionais e locais assim como a colaboração com o setor privado e a obtenção de financiamento adequado são fundamentais para garantir o cumprimento dos prazos estipulados pela Diretiva e a sustentabilidade dos recursos hídricos no país.
A ZERO apela ao Governo e às entidades competentes para que acelerem o processo de adaptação e garantam que Portugal não fique, mais uma vez, para trás no cumprimento das suas obrigações ambientais.
A nova DARU impõe a adoção de um tratamento quaternário nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de maior dimensão, visando a remoção de micropoluentes, como resíduos farmacêuticos e químicos persistentes, o que impõe um desafio técnico e financeiro exigente. Este nível de tratamento exige tecnologias, como ozonização, carvão ativado ou processos de membranas, que implicam elevados custos quer na adaptação das ETAR quer operacionais e de manutenção.
Em Portugal, apesar de os serviços urbanos de águas residuais terem vindo a garantir níveis satisfatórios de qualidade, o setor tem sofrido com um défice de investimentos, resultando no envelhecimento das infraestruturas de saneamento pelo que muitas infraestruturas poderão não estar preparadas para o nível de exigência da nova DARU. Sem uma estratégia clara para garantir os investimentos necessários e respeitar os prazos de implementação definidos pela nova Diretiva e sem um compromisso sério com a modernização das infraestruturas, o país arrisca-se a incumprir os requisitos europeus e a perpetuar a contaminação dos cursos de água.
A nova Diretiva introduz a responsabilidade alargada do produtor (RAP) para produtos que contêm substâncias poluentes, como produtos farmacêuticos e cosméticos. Esta medida visa garantir que os fabricantes comparticipam os custos do tratamento mais exigente das águas residuais. A aplicação deste princípio exigirá um compromisso robusto por parte dos fabricantes, garantindo que estes comparticipam os custos acrescidos para o tratamento das águas residuais e que promovem o desenvolvimento de produtos mais ecológicos. Sem mecanismos eficazes de aplicação da RAP, o país poderá falhar na implementação desta medida crucial para a mitigação da poluição hídrica o que levanta preocupações sobre a capacidade do país em garantir que os produtores assumam verdadeiramente a sua responsabilidade para que os custos adicionais com o tratamento não venham a recair sobre os consumidores ou a comprometer a qualidade dos serviços de saneamento.
A nova Diretiva exige que os Estados-Membros implementem Planos de Gestão Integrada de Águas Residuais Urbanas e enfatiza a necessidade de recorrer a soluções baseadas na natureza (SbN) como parte da gestão integrada das águas residuais e águas pluviais. Este tipo de soluções, com a introdução de infraestruturas “verdes” e “azuis” para gestão das águas pluviais, em conjunto com os processos convencionais de tratamento, serão grandes aliadas para a redução dos custos de tratamento e na promoção de benefícios ecológicos adicionais. Contudo, Portugal tem falhado na adoção generalizada destas abordagens, mantendo um foco excessivo em infraestruturas convencionais, as designadas infraestruturas “cinzentas” sem explorar plenamente o potencial das SbN na recarga de aquíferos, na remoção de poluentes e na regeneração dos ecossistemas aquáticos.
A nova DARU incentiva fortemente a reutilização das águas residuais urbanas tratadas, especialmente em zonas sob stress hídrico, e a valorização das lamas das ETAR como parte da economia circular. A reutilização da água tratada para fins agrícolas, industriais e urbanos pode reduzir significativamente a pressão sobre os recursos hídricos e mitigar os efeitos das secas. Contudo, Portugal continua a desvalorizar a implementação de projetos de reutilização, seja pela falta de definição de regras claras para o efeito ou pela ausência de incentivos ou de investimentos direcionados para esse fim.
A nova Diretiva vem ainda reforçar a necessidade de reutilização e reciclagem de nutrientes presentes nas lamas, particularmente de azoto e fósforo, com vista à sua valorização na agricultura. No entanto, a ausência de uma estratégia nacional eficaz para a gestão de lamas de ETAR tem levado à subutilização desse recurso, resultando muitas vezes na sua colocação em aterro. A valorização adequada desses resíduos poderia não só promover a sustentabilidade ambiental, mas também reduzir a dependência da agricultura portuguesa de fertilizantes sintéticos, reforçando a resiliência do setor agrícola.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |