Início » ZERO considera essencial que florestas fiquem na área do Ambiente
Numa altura em que pode já estar em preparação a orgânica do novo Governo, é com muita preocupação que a ZERO vê a possibilidade da tutela das florestas voltar ao Ministério da Agricultura, naquilo que se antevê como um enorme retrocesso na evolução das políticas públicas nesta área, com o argumento de recuperação da importância política de um Ministério que, como se evidenciou pela enorme contestação nos últimos tempos, dispensa a floresta para merecer peso político.
Para além de não virem a ser consideradas as expectativas societais em relação à floresta na decisão a tomar, a inserção das florestas na agricultura “condenaria” o setor à situação histórica de sempre, ou seja, ao dificultar a execução das verbas das intervenções florestais para depois as encaminhar para outros setores com mais influência, como já se pode verificar no atual PEPAC – Plano Estratégico da PAC 2023-2027.
Seria também um contexto em que o próprio Fundo Ambiental – um instrumento de financiamento importante do setor florestal que financia, por exemplo, o Programa Sapadores Florestais – poderia diminuir acentuadamente o apoio da floresta, ainda para mais antecipando-se que haverá uma redução drástica de verbas públicas para investimento nesta área, sobretudo após 2026, com a conclusão do Programa de Recuperação e Resiliência, o qual está a investir 615 milhões de euros.
Para além disso, o que interessa mais à sociedade portuguesa é que o Programa de Transformação da Paisagem possa estar em causa após a conclusão do PRR e com ele todo o trabalho já realizado nas políticas dirigidas aos territórios vulneráveis aos incêndios, designadamente no desenvolvimento dos Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem, na criação de Áreas Integradas de Gestão da Paisagem ou na implementação dos Condomínios de Aldeia.
Sem o financiamento do Fundo Ambiental, também a remuneração de serviços de ecossistemas pode estar em causa e será mais difícil diversificar a floresta, alicerçando investimento em espécies autóctones.
Acresce que um fragilizado Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a braços com dificuldades de gestão e com recursos humanos insuficientes para fazer face às atribuições legais que lhe estão cometidas, ficaria com mais uma tarefa nada fácil que seria a de voltar a ter que lidar com uma dupla tutela em que os respetivos titulares nem sempre têm objetivos convergentes.
Importa também salientar que a política florestal implementada após os incêndios de 2017 é muito distinta da que existia quando a tutela da floresta se encontrava no Ministério da Agricultura, pelo que não se compreende muito bem o que se ganharia em matéria de gestão integrada de fogos rurais com esta mudança de Ministério.
Para a ZERO, pela primeira vez na nossa história recente, encontram-se em desenvolvimento respostas estruturadas que tentam mudar a paisagem, financiar os territórios que têm historicamente sido excluídos do financiamento público e criar uma nova economia dos territórios de baixa densidade, quebrando o ciclo de desinvestimento e gestão insuficiente dos territórios de floresta associados à pequena propriedade.
No entanto, e ainda que as dinâmicas recentes apontem no caminho correto, as ameaças de instabilidade e imprevisibilidade das políticas públicas em períodos de tempo superiores aos das legislaturas são incompatíveis com investimentos públicos e privados de longo prazo – e de larga escala – que apostem numa floresta multifuncional, biodiversa e resiliente.
Neste sentido, a ZERO apela ao futuro Primeiro-Ministro que mantenha a importância política da floresta, com a tutela direta do Sistema de Gestão Integrada dos Fogos Rurais, uma forte articulação interministerial e que mantenha a tutela das florestas na esfera do membro do Governo que ficará com a tutela do Ambiente, não cedendo a eventuais tentativas de criação de instabilidade num setor que necessita de ser acarinhado pelo próximo Governo de Portugal.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |