Início » ZERO quer limites de altura nos SUV para evitar perigo para crianças
A altura do capô dos automóveis novos vendidos na Europa está a aumentar, em média, meio centímetro por ano, revela o novo estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, de que a ZERO faz parte. Este crescimento, que está intimamente associado ao aumento das vendas de SUVs (Sport Utility Vehicles, ou Veículos Utilitários Desportivos), compromete a segurança rodoviária em ambiente urbano por vários motivos: estes veículos, com uma maior altura do capô, frente mais vertical e maior peso, aumentam o risco de traumatismos fatais em caso de atropelamento ou embate com um veículo mais ligeiro, proporcionam uma menor visibilidade quer da parte de peões quer da parte dos condutores, e promovem um falso sentimento de segurança nos condutores, que pode levar a condução perigosa. Nos novos veículos na União Europeia, Reino Unido e Noruega a altura média dos capôs atingiu 83,8 cm em 2024, face aos 76,9 cm em 2010 – um aumento de cerca de 9%, o qual, atualmente, nem a legislação europeia nem a nacional podem travar.
Em 2024, os consumidores europeus compraram 6,92 milhões de SUVs, atingindo uma quota de mercado recorde de 54%. Os SUVs que, dadas as suas dimensões e peso, são veículos gastadores, têm sido o segmento de veículos mais vendidos na Europa e o que mais cresce – em 2010 representavam apenas 12% do mercado, tanto que as emissões médias de CO2 dos automóveis novos aumentaram em 2024 face ao ano anterior. A partir de 2025, a UE estabeleceu um limite de 93,6 g CO₂/km para as emissões médias de CO₂ dos automóveis novos, ora a emissão média real ponderada de todos os SUV vendidos na UE27 em 2024 é de aproximadamente 159 gCO₂/km, apesar da presença crescente de elétricos e híbridos plug-in, o que é um fortíssimo contributo para que o setor dos transportes se afaste de uma trajetória de redução de emissões consistente com os compromissos nacionais e europeus perante o Mundo.
Capôs mais altos = maior perigo e menor visibilidade
Em colisões, os SUVs e as carrinhas pick-up com capôs altos tendem a atingir os peões adultos com gravidade na zona dos órgãos vitais e acima do seu centro de gravidade, projetando-os para o chão com risco elevado de serem passados por cima e prensados sob o veículo. Ao contrário, capôs baixos tendem a atingir os peões nas pernas, oferecendo-lhes uma maior probabilidade de caírem sobre o veículo ou de serem desviados da sua rota. Em geral, o risco de ferimentos graves e morte em atropelamentos é maior com SUVs e veículos altos do que com veículos baixos. Os estudos mostram-no claramente: com base na análise de 300.000 acidentes na Bélgica, sabe-se que o aumento de 10 cm na altura do capô (de 80 para 90 cm) representa um aumento de 27% no risco de morte para peões e ciclistas, e colisões de automóveis mais ligeiros com SUVs de frente alta aumentam em 20 a 50% o risco de lesões graves nos condutores dos veículos de menores dimensões e peso.
Por outro lado, capôs altos reduzem significativamente o campo de visão dos condutores, podendo nalguns casos anulá-lo, impedindo ou dificultando ver crianças, nomeadamente ao sair de garagens ou em parques de estacionamento. Em cruzamentos, a visibilidade limitada aumenta o risco de colisões.
Os testes realizados no âmbito deste estudo revelam que um condutor do Ram TRX — o modelo com a frente mais alta atualmente nas estradas da UE e Reino Unido — não consegue ver uma criança de pé com menos de nove anos que esteja mesmo à frente do veículo, e no caso de um condutor de um Land Rover Defender isso acontece com crianças com menos de quatro anos e meio.
Em 2024, os veículos elétricos a bateria (BEVs) apresentavam, em média, capôs 2,3 cm mais baixos do que a média dos veículos novos, o que demonstra que capôs altos, mobilidade elétrica e transição energética não são sinónimos. Pelo contrário, capôs mais baixos melhoram a aerodinâmica dos automóveis e reduzem os consumos, aumentando a autonomia.
A ZERO e as suas congéneres europeias apelam à União Europeia e ao Reino Unido para que estabeleçam um limite máximo de 85 cm para a altura do capô nos novos automóveis vendidos a partir de 2035. Sabendo que ser atingido abaixo do centro de gravidade aumenta as probabilidades de sobrevivência, esta altura máxima protege 95% das mulheres adultas envolvidas em atropelamentos, dado que apenas 5% têm o centro de gravidade abaixo desse valor.
As organizações pedem ainda que a Comissão Europeia apresente uma proposta legislativa até julho de 2027, no âmbito da revisão das normas de segurança automóvel, incluindo as seguintes medidas:
Enquanto o número de SUVs nas estradas europeias e portuguesas continua a aumentar, algumas cidades e países começam a tomar medidas concretas para travar os riscos que estes veículos representam para a segurança rodoviária em meio urbano e o espaço que ocupam. Por exemplo, Paris triplicou as tarifas de estacionamento para SUVs mais pesados em setembro de 2024.
A ZERO insta o governo e autoridades portuguesas, centrais e locais, a adaptar a fiscalidade e taxas de estacionamento de forma a desincentivar o uso destes veículos, numa fase inicial em função do seu peso – o melhor indicador preditor da altura do capô disponível de momento –, mas diferenciadamente para veículos a combustão e elétricos, até que os legisladores tornem os dados sobre o tamanho mais amplamente acessíveis.
O aumento do número de SUV com frente alta representa uma ameaça crescente à segurança pública urbana, especialmente para crianças. Sem qualquer benefício para a sociedade e com evidências crescentes de prejuízo, a ZERO considera que é tempo de os legisladores actuarem. Limitar a altura do capô é uma medida simples e eficaz para proteger todos os utilizadores da via pública e conter a disseminação de veículos de grandes proporções.
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