Início » Populações de aves estepárias à beira do colapso em Portugal e ZERO apresenta queixa à Comissão Europeia
Gestão desastrosa dos fundos para a agricultura teve efeitos negativos na preservação das aves estepárias
A ZERO solicitou ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) dados relativos à evolução das populações de três espécies de aves estepárias nos últimos 10 anos e a informação disponibilizada veio demonstrar o colapso dos efetivos: estima-se que nos últimos 10 anos, a população de Águia-caçadeira (Circus pygargus) tenha diminuído em 76% (população rondará apenas os 120 casais a nível nacional e, no Alentejo, a redução foi de 85%), a de Sisão (Tetrax tetrax) em 49% (8.900 indivíduos estimados) e a de Abetarda (Otis tarda) em 50% (contados apenas um total de 939 indivíduos nas Zonas de Proteção Especial (ZPE).
Neste sentido e perante o decréscimo alarmante de espécies que estão protegidas por lei, a ZERO apresentou uma queixa à Comissão Europeia por violação da Diretiva Aves e por má gestão dos fundos europeus destinados à agricultura, numa altura em que Portugal aguarda por uma decisão de Bruxelas em relação ao seu Plano Estratégico da Política Agrícola Comum 2023-2027 (PEPAC), em que se insiste nos mesmos erros graves já identificados.
De salientar que estas espécies têm a maior parte da sua população no Alentejo e estão muito dependentes da manutenção do mosaico de rotação de sequeiro do cereal-pousio, tendo sido designadas 13 Zonas de Proteção Especial (ZPE) com vista à sua conservação(1).
As razões que levam a este decréscimo brutal
Só a alteração do PEPAC pode salvar estas espécies da extinção
Uma vez que a aplicação dos apoios da PAC será decisiva para manter ou inverter a tendência de declínio da Águia-caçadeira, do Sisão e da Abetarda (e de outras aves dependentes da manutenção de rotação de sequeiro cereal-pousio) este é o momento de reanalisar a fundo toda a configuração dos apoios previstos com fins de promoção da conservação das aves estepárias no âmbito do PEPAC proposto por Portugal, conciliando posições entre os Ministérios da Agricultura (quem verdadeiramente decide) e o do Ambiente e Ação Climática (que permanece indiferente e desorientado).
Em primeiro lugar, há que repensar os montantes dos apoios aos agricultores com atividade agrícola situada nas ZPE Estepárias, para que os mesmos sejam adequada e justamente compensados por custos adicionais, custos de oportunidade e por perdas de rendimento pela adesão aos apoios zonais destinados à manutenção da rotação de sequeiro cereal-pousio. Desta forma, tornar-se-ia a produção de cereais praganosos e de leguminosas no interior das ZPE não só como uma atividade competitiva face à produção de gado, como também inibidora de pressões no sentido da intensificação agrícola.
A ZERO advoga igualmente que seja reequacionada todas as condições de elegibilidade(3) dos apoios zonais, uma vez que parecem existir impactes associados ao desenho das medidas que podem prejudicar a sobrevivência das aves estepárias.
Foto: Francesco Veronesi
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