Início » ZERO alerta que o “cartão de crédito” ambiental é usado cada vez mais cedo!
Amanhã, 2 de Agosto, esgotaremos os recursos naturais do Planeta disponíveis para este ano
Todos os anos é apresentada uma estimativa sobre o dia em que a Humanidade atinge o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para esse ano, ou seja, o orçamento natural, habitualmente designado como Overshoot Day. Este ano o limite será atingido a 2 de agosto, quando o ano passado foi a 8 do mesmo mês. O último ano em que respeitámos o nosso orçamento natural anual foi em 1970.
Portugal é um contribuinte ativo para esta situação, uma que se, se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que nós, seriam necessários 2,3 planetas.
O consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%)[1] encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal e constituem assim pontos críticos para intervenções de mitigação da Pegada.
É urgente alterar esta tendência insustentável
Num mundo onde persiste uma enorme desigualdade em termos de distribuição de rendimentos e acesso a recursos naturais, estes dados são claros sobre a necessidade de se produzir e consumir de forma muito diferente.
O Planeta é a fonte de tudo o que necessitamos para viver enquanto espécie. O Overshoot Day indica-nos que estamos a forçar os limites do planeta cada vez com maior intensidade, uma tendência que é urgente mudar para bem da Humanidade e da sua qualidade de vida.
É muito comum falar-se da importância de mudar os estilos de vida como um elemento chave para a construção de uma sociedade sustentável. Contudo, a mudança necessária rumo à sustentabilidade não será atingida apenas pela ação individual dos cidadãos. A ação política e das empresas em diferentes sectores é crucial.
Propostas ZERO para reduzir o défice ambiental
A ZERO considera que a aposta numa Economia Circular, onde efetivamente a utilização e reutilização de recursos é maximizada, deverá ser uma prioridade transversal a todas as políticas públicas. O ponto fulcral deverá ser a redução no uso de materiais, a promoção da reutilização e a extensão dos tempos de vida dos bens e equipamentos. Para ser eficaz, teremos que mudar o paradigma de “usar e deitar fora”, muito assente na reciclagem, incineração e deposição em aterro, para um paradigma de “ter menos, mas de melhor qualidade”, com um forte enfoque na redução, reutilização e reparação e na procura de oferecer serviços em alternativa à venda de bens.
A promoção de uma dieta alimentar saudável e sustentável (a começar nas escolas, mas a integrar de forma abrangente em toda a sociedade), com a redução do consumo de proteína de origem animal e um aumento significativo do consumo de hortícolas, frutas e leguminosas secas, trará enormes benefícios à saúde de todos e uma redução significativa do impacto ambiental associado à alimentação. Em Portugal, tal significará uma aproximação da balança alimentar portuguesa com o preconizado no padrão alimentar da roda dos alimentos[2], um objetivo, sobre todos os pontos de vista, desejável.
A promoção da mobilidade sustentável assente em diferentes estratégias, pode dar um contributo muito importante, nomeadamente através da:
– Melhoria do acesso e das condições de operação dos transportes públicos (por exemplo, privilegiando os corredores específicos e melhorando a articulação entre diferentes meios de transporte, ao nível dos interfaces, horários e bilhética);
– Disponibilização de infraestruturas e condições que estimulem a mobilidade suave (andar a pé, utilização da bicicleta);
– Partilha do transporte (car-sharing) ou mesmo a transição para a mobilidade elétrica.
O papel do cidadão
Cada um de nós pode ter também um papel muito importante, desde logo através da pressão que podemos colocar em todo o sistema de produção.
Exigir a nível político e empresarial a democratização da sustentabilidade. Não faz sentido que quem quer ser sustentável deva ser penalizado em termos de preço ou de dificuldade no acesso aos bens necessários. É importante que o preço a pagar seja justo, mas é muito importante que as soluções menos sustentáveis sejam penalizadas ao mesmo tempo que as opções sustentáveis são incentivadas. A pressão de todos nós pode fazer a diferença.
Alterar a dieta alimentar, respeitando a Roda dos Alimentos é um dos maiores contributos que cada um de nós pode dar em termos de sustentabilidade. Reduzir o consumo de proteína animal (por exemplo substituindo uma refeição de carne por um prato vegetariano com leguminosas), de gorduras e de comidas processadas terá benefícios em termos de saúde, mas também em termos ambientais e sociais, em particular se se optar por comprar produtos locais ou, pelo menos, nacionais.
Evitar usar o carro individual, assumindo o desafio de conhecer melhor o sistema de transportes públicos (muitas opiniões baseiam-se em experiências com décadas e não refletem as melhorias que foram sendo implementadas). Partilhar boleias com colegas e incentivar as crianças e jovens a deslocarem-se mais a pé ou em modos suaves (bicicleta, trotineta, patins, etc.) é outra das medidas que podemos procurar integrar nas nossas vidas.
Dar um passo de cada vez. Propôr-se, por exemplo, o objetivo de fazer uma mudança por mês para tornar o seu quotidiano mais sustentável, e partilhá-lo com os seus amigos e colegas (não só poderá sensibilizá-los, como poderá aumentar o seu “incentivo” para manter o seu interesse).
Evitar usar o cartão de crédito ambiental é um investimento no nosso bem-estar e qualidade de vida. Viver com pleno respeito pelos generosos limites do Planeta Terra é a única forma de garantirmos um melhor futuro para todos.
[1] Ver também Galli, A., Iha, K., Halle, M., El Bilali, H., Grunewald, N., Eaton, D., Capone, R., Debs, P., Bottalico, F. 2017. Mediterranean countries’ food consumption and sourcing patterns: An Ecological Footprint viewpoint. Science of the Total Environment, 578, 383–391.
[2] https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=209480091&DESTAQUESmodo=2&xlang=pt
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |