Usar saco compostável ou não usar sacos na separação dos biorresíduos?

Conforme definido nas Diretivas da União Europeia, biorresíduos são “resíduos biodegradáveis de jardins e parques, resíduos alimentares de cozinha das habitações, dos escritórios, dos restaurantes, do comércio grossista, das cantinas, das unidades de catering e de retalho e os resíduos similares das unidades de transformação de alimentos.”
Este desperdício orgânico contém nutrientes e energia que podem e devem ser aproveitados. A recolha seletiva de biorresíduos permite que sejam reciclados e reaproveitados em centros de compostagem e digestão anaeróbia, com inúmeros benefícios ambientais e sociais:
- Criar novos empregos;
- Reforçar a comunidade, através dos locais de compostagem comunitária, aumentando a coesão social e união local;
- Reduzir as emissões de GEE;
- Reduzir a quantidade de resíduos em aterro;
- Reduzir os odores provenientes dos aterros;
- Produção de composto, corretores orgânicos e biogás;
- Redução da importação de adubos para a agricultura;
- Melhoria da qualidade dos solos com a utilização de composto orgânico proveniente desta reciclagem.
Para incrementar a valorização dos biorresíduos, os municípios devem implementar sistemas de deposição e recolha eficazes, bem como estratégias para o seu tratamento.
Para a recolha mais eficaz dos resíduos alimentares qual é a melhor opção? Usar sacos compostáveis ou descartar “a granel” sem recorrer ao uso de sacos?
É altamente recomendável que os municípios imponham o uso de sacos compostáveis quando a recolha é feita por sistema porta-a-porta ou com contentores específicos para orgânicos. Para garantir a qualidade dos biorresíduos capturados para compostagem, devem usar-se sacos em conformidade com o padrão EN – 13432 da UE, que certifica sacos compostáveis. Estes sacos permitem que o ar circule no interior, facilitam a transpiração da umidade dos resíduos alimentares, evitando assim a fermentação dos mesmos, reduzem os maus odores gerados pela fermentação anaeróbia, reduzem a produção de líquido e reduzem o peso dos resíduos (cerca de 6-7%), otimizando a resistência do próprio saco. Permitindo assim um processo mais limpo e higiénico, com menor contaminação por plásticos convencionais.
A utilização de saco compostável vai de certeza promover a separação de biorresíduos perante aqueles utilizadores que começaram recentemente e que precisam de ter o máximo conforto. Por exemplo, ao sair de casa para ir ao trabalho, tendo um saco compostável, com restos alimentares, bem fechado e que não produz odores nem lixiviados irá facilitar o transporte até o ponto de deposição, evitando ter de transportar o balde de novo até casa (para ser lavado) ou armazená-lo no carro durante horas até ser lavado. Os baldes de 7 ou 10 litros costumam ser grandes demais para lavar na pia da cozinha, pelo reduzir a necessidade de lavagem facilitará muito o processo de separação nas casas, convencendo até os utilizadores menos recicladores.
O descarte “a granel”, em que os biorresíduos são colocados diretamente em contentores laváveis, poderá ser recomendado no caso da compostagem doméstica ou comunitária.
O que deverá evitar fazer é usar sacos de plástico convencionais, mesmo que biodegradáveis sem certificação compostável, pois os níveis de contaminação por restos de plásticos não compostáveis reduzem significativamente o valor e a qualidade do composto resultante.
Por fim, um sistema de recolha e tratamento eficaz dos biorresíduos não deverá invalidar, no entanto, a implementação de sistemas de prevenção do desperdício alimentar.